quarta-feira, 30 de julho de 2008

TRAVESSIA DOS MUNDOS



A todos é dado o direito de mudar de vida, de ir para longe nesse mundão intergaláctico - porque não serei eu que vou dizer que não existe vida em outro planeta. Porém, esta possibilidade atinge quase sempre os jovens que estão começando a vida sem medo e a vêem tão excitante e valiosa que não deverá ser perdida em um lugar só.


E lá se vão de mochila na costas e diploma na mão para o outro lado do mundo ou do país ou da região e vão conquistando seus espaços emocionais, formando outro circulo de amizades, se inteirando da nova cultura, amargando as saudades dos parentes que ficaram para trás e este caminho escolhido vai se consolidando cada vez mais a medida que os anos passam.

E o dia a dia se torna a eterna comparação da cultura, de hábitos e de sotaques, de clima, de vegetação e de tudo. E eles que nem bem se formaram como adultos em sua cidade natal, se tornam seres indagativos do que deixaram para trás e do que conquistaram para frente, sem saber direito o que falta e o que sobra.

Mas..a sensação é sempre de que falta um pedaço. Um pedaço na conversa, na discussão, no hobby, na companhia, na farmácia, na empregada, no supermercado, na escola, no pós-graduação, no chão, na estrada, no asfalto, na calçada, no motorista, no ônibus, no banco, na concessionária, no chefe, nos colegas.

E os filhos aparecem e também fazem parte daquela terra que não é a deles absorvendo por osmose o sentimento de uma terra perdida de onde os pais vieram e passam a amar os parentes distantes como se fossem próximos e a querer morar no lugar que quando os pais falam seus olhos se iluminam e o semblante notifica uma saudade.

E a vida vai correndo com gosto de lugar deixado pra trás e sempre um estranhamento com a cultura local e, óbvio, uma comparação com a cultura de origem, tão saudosa. A esperança surge e uma pontada que mais parece um neurônio enlouquecido pululante no cérebro se desconcerta e inicia sua evolução ao passado. Ahhhh...meu deus...voltar ! Como eu queria...e a mente se engorda do passado e o sonho invade a alma como se fosse sangue quente e novo correndo nas veias de quem se sente quase morrendo e de repente desperta.

Voltar! Um dia! Sempre a esperança, esta senhora que move todo mundo para frente!!!!!!!!!!!!!!


domingo, 27 de julho de 2008

Bolor – louca introdução de domingo em Porto Alegre




Nos domingos invernais sou muito parecida com um edredon, com uma manta, com uma cobertinha....Não salto da cama... apenas deslizo mansamente até o chão onde me transformo numa pantufa cafona que se arrasta através dos tapetinhos até a cozinha sonhando em ser uma cafeteira.

Fumegante e preguiçosa, como cafeteira vou me tornando viva levemente pensante e já passo a ser um robe chambre cor creme, quase um rôlo, mas ainda uma coisa.

Ainda não sou gente nesta fase porque a mente enevoada e lenta custa a precisar que dia do mês da semana e ano estou e o esforço baixa minha energia de pilha não carregável ainda mais.

A atmosfera úmida gruda meus pensamentos e me conformo em ficar ali flanando pela casa esperando o timing inicial do dia bolorento passar.

Nostalgia



Tem um lugar na minha casa – na verdade todo mundo tem – em que se guardam as fotografias de toda a vida, quando ainda elas eram confeccionadas em papel. É só abrir uma caixa de pandora destas e fica indiscutível que o túnel do tempo te invade e és arremessada para trás como um tiro de canhão, sendo obrigada a ver, folhear, sentir e cheirar toda uma vida passada e impressa. Já em cores desmaiadas. É nostálgico e interessante, mas não por muito tempo.

Nossos corpos, nossa pele e cabelos são quase uma irrealidade para nós mesmas e o esforço para se colocar naquela época dói.
Acredito que a vida anda pra frente e sempre pra melhor.

Mas a nostalgia de se ver fotos antigas pode acabar com o dia da gente, pode abrir feridas que nem cicatrizaram surgindo outras por conta de culpas, de decisões tomadas lá atrás e agora já vamos enlouquecendo e pensando porque não foi assim e assado e porque não disse isso e aquilo e ai jesus onde eu estava com a cabeça!

As perdas, os ganhos, a família, os amores, os amigos..muitos renovam o staff ao longo da vida definindo através destas passagens sua história. Outros conservam romanticamente todos e agregam outros, e tem aquela gente ainda que fica só com o que é do passado porque arriscar novas experiências e sentimentos é perigoso e dá trabalho.

Alguns adoram sentar e rever toda a turma do colégio e trocar idéia sobre aquele tempo e fazem reuniões periódicas. A nostalgia que trás o passado me faz correr para frente!!!!!

Um encontro do passado é sempre ver rugas, cabelos brancos e bordas de gordura em excesso e pior! ter que dar explicação...Onde foram parar teus queridos, como aconteceu aquilo? Como está tua mãe? Teu pai? Tia Mariquinha mora contigo ainda? Morreu? E teu marido? Separou? Quantos filhos? Que idade? Tais trabalhando? Eras gorda..Tais magra..Tais bem? Tais mal? Moras lá? Moras onde? Casaste de novo? Tens namorado? Teus irmãos? E o fulano? E a fulana? Mas....tu não lembra dela? Aquela de cabelo amarelo! Aquela moreninha chinfrim E aquela ruiva? Não lembra? Lembra disso? Lembra daquilo? Ai como era bom..tu não achas?

Não, não acho. Na verdade estes encontros se parecem com um pesadelo aterrador do qual quero acordar!!!!!!!!!!!!!!!!!


O gosto da comida que se faz com amor




Quem mora só está acostumado a fazer comidinhas maravilhosas para si que são degustadas com o vinho ou espumante preferido. Não raras vezes sobra um pouquinho que vira um congelado no refrigerador.

O ritual de preparo é sempre o mesmo com música de qualidade ao fundo, passinhos de dança pela casa enquanto uma cebola te faz chorar – e já aproveita para fazer um lamento qualquer - o alho miudinho é uma tarefa a ser cumprida com muito cuidado e vem o tomate e especiarias e o fogo e tudo demora muito, mas muito mesmo.

O prazer na tarefa e na expectativa de degustar o manjar dos deuses mesmo sendo um macarrão, eleva nosso espírito e nossa mente ao vazio e ao prazer simplesmente de uma noite ou uma manhã solitária.

Todas estas emoções que envolvem o preparo da comida se impregnam no manjar conferindo um sabor personalíssimo. O sabor, o prazer e a dedicação destes momentos estarão para sempre nesta comida. Mesmo congelada.

Depois de um tempo vais degustar aquele prato congelado que preparaste naquele dia de chuva, ou sol, na praia, no campo, na casa da cidade. A magia daquele dia em que foi elaborada a comida voltará a tua mente através das papilas gustativas que trarão o clima de uma noite ou manhã maravilhosa na companhia de si mesma! Delicioso déjà vu!!!!!


domingo, 13 de julho de 2008

Eu acredito em anjo da guarda




Todo dia somos invadidos por um furacão de compromissos e vamos agendando a vida e estabelecendo rotinas para cumprir nosso destino.

E, de repente, atravessa nosso caminho um ímpeto incontrolável de desviar e fazer algo que está há tempos na nossa mente e nada de executar? E somos conduzidos pelo braço sem saber direito como nem porque, sentindo uma força poderosa dentro de si.

E neste caminhar resoluto quase irreal surgem situações de embaraço e de impedimento que nos forçam a reagir em relação a nossa rotina e buscar a solução. Ai meu deus..a solução! Qual delas??

E ao fim do dia temos a certeza que o anjo da guarda estava sendo nossa sombra e nos guiando no nosso dia a dia metricamente calculado onde não reservamos espaço para liberar nossa mente e deixar a vida nos invadir com todos os seus assuntos. Bons e maus.

O anjo um pouco cansado de nos ver como máquinas operantes nos sacode e nos dá uma boa lição de sobrevivência no mundo organizado. Sacudidelas para adquirir o hábito de deixar a vida andar.




Duas lágrimas

  O dia chora mansinho se unindo a tantas e tantas outras vertentes cristalinas que brotam de olhos de todos os matizes sempre mantendo a au...