Está chegando o final do ano e
eu estou aqui parada frente ao espelho indagando o que aconteceu comigo uma vez
que estou com a vista embaçada e não sei direito se o oceano mareou meu olhar,
se os sons do rugidor aqui em frente lacrou meu tímpano porque o verão está
chegando e, por parceria dos sentidos, talvez a galera sensível resolveu nas
minhas costas aderir a este modo de revolta o que me deixou confusa justo no
final da caminhada por tantas trilhas, desvios, pedregulhos e tantas palavras
lançadas no ar e muitas outras criadas como flechas em direção ao alvo. Um alvo
sempre oculto.
Neste momento de expansão de
todas as coisas decidi que eu faria uma análise da caminhada pelo simples fato
de estar sempre a me perguntar quem ou onde estou, o que aparece logo ali, se o
nascer do dia vai conversar comigo ou vai me ignorar. A interrogação precede
meu acordar muito mais do que o temor, este companheiro de noites assombradas.
Mirei um pouco mais o grande
espelho na esperança que ele reflita o que restou de mim depois deste período, se
dá para enxergar os pedaços do meu coração que se espalharam em ritmo acelerado
na enseada, se ali atrás do meu corpo ainda está a criança que eu fui, se em
meio a bruma posso perceber a minha evolução, se de fato existi, se não sou eu
mesma um personagem das minhas fábulas. Por fim, cansada e abatida pelo incógnito
percebi que sou de tudo um pouco e doravante vou mirar no grande espelho da
vida que jamais falseará meu destino.

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