segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

O destino na mira

 


Está chegando o final do ano e eu estou aqui parada frente ao espelho indagando o que aconteceu comigo uma vez que estou com a vista embaçada e não sei direito se o oceano mareou meu olhar, se os sons do rugidor aqui em frente lacrou meu tímpano porque o verão está chegando e, por parceria dos sentidos, talvez a galera sensível resolveu nas minhas costas aderir a este modo de revolta o que me deixou confusa justo no final da caminhada por tantas trilhas, desvios, pedregulhos e tantas palavras lançadas no ar e muitas outras criadas como flechas em direção ao alvo. Um alvo sempre oculto.

Neste momento de expansão de todas as coisas decidi que eu faria uma análise da caminhada pelo simples fato de estar sempre a me perguntar quem ou onde estou, o que aparece logo ali, se o nascer do dia vai conversar comigo ou vai me ignorar. A interrogação precede meu acordar muito mais do que o temor, este companheiro de noites assombradas.

Mirei um pouco mais o grande espelho na esperança que ele reflita o que restou de mim depois deste período, se dá para enxergar os pedaços do meu coração que se espalharam em ritmo acelerado na enseada, se ali atrás do meu corpo ainda está a criança que eu fui, se em meio a bruma posso perceber a minha evolução, se de fato existi, se não sou eu mesma um personagem das minhas fábulas. Por fim, cansada e abatida pelo incógnito percebi que sou de tudo um pouco e doravante vou mirar no grande espelho da vida que jamais falseará meu destino.

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