segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Uma bolha

 

Mais animada do que normalmente me larguei para a rua cheia de vento costeiro a balançar minhas ventas me embarafustando na mata nativa que fica aqui perto do paraíso com a intenção de me abrigar da fúria natural da estação.  Achei que eu estava com sorte ao me deparar com uma linda bolha transparente que trazia para o meu íntimo o exuberante lado externo da instigante paisagem o que de certo modo me impelia à reflexão atribuindo à minha alma certa calma por ter certeza que algumas feridas iriam cicatrizar.

Decidi entrar nesta bola transparente e frágil como se fosse de sabão porque tenho aqui dentro do meu coração que é chegada a hora de isolar o pensamento e deixa-lo à mercê de mim mesma refletindo de fora para dentro o que eu posso suportar.

Ao contrario da trilha que empreendi até chegar neste lugar o norte neste isolamento tinha seus passos já contados em simétrica arrumação, mesmo que eu não pudesse enxergar o local da chegada ao enveredar por ela. Não tive preocupação porque com toda a certeza havia um lugar correto construído para mim nesta manhã quente, ventosa e muito iluminada.

Comecei a seguir pé ante pé, pedra por pedra o roteiro que a meu ver estava predestinado para hoje, conseguindo absorver precisamente o significado da paisagem agreste que rodeava este meu passeio fora da curva em um dia em que minha mente volatilizava tal qual a brisa em meio a este verdejante caminho. O cenário migrou para dentro de mim como um balsamo inusitado sôfrego e carente de paz.

 


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