Antes de fechar os olhos, no
momento em que o meu corpo finalmente resolve desanimar e se voltar para dentro
de si para tentar, pelo menos, corrigir os erros do dia ou, a esta altura do
tempo, apenas lembrar ao esqueleto que é chegada a hora de examinar com detalhe
se o sistema está aqui e ali avariado e começar a se ajeitar, refazer, se
puder.
Na outra ponta o sentimento
que esteve ao meu lado sem arredar pé tenta se descolar e recolher-se para um
canto qualquer do lugar de descanso porque talvez seja neste exato instante que
o trailer do dia termina, quer queira quer não fechando a cortina, encerrando o
que aconteceu até este momento não havendo nenhuma chance de corrigir qualquer
cena, reabrir um diálogo ou pedir apoio para encompridar este pedaço tão
pequeno da película. Apenas um dia que termina. Porém nunca se sabe.
A esta altura a estrutura
física já desistiu de continuar alerta e se acomoda deixando de sobreaviso o
sopro de vida que o acompanha. As cenas ensaiadas durante o dia ainda repercutem
no fundo do coração e apesar de ter certeza que este capítulo foi concluído em
algum lugar do espirito fragmentos flutuam aqui e ali invadindo, muitas vezes,
o valor da razão, fomentando a dúvida em cima da certeza anterior, desdenhando
a atitude correta, subjugando a covardia como modo natural. É assim que
acontece um final revolto e duvidoso.
Todos os dados foram jogados
no tabuleiro do dia e assim cumprindo o rito de finalização os pés são
retirados do chão, as mãos se acomodam frente ao peito guardando que a emoção
esteja protegida e deste jeito este pedaço de vida adormece congelado no tempo
de hoje.

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