Lembrei de uma declaração de
amor que apontou em determinado tempo um norte me confundindo um pouco sobre
seu surgimento ficando eu sem saber se seria este a mim dirigido por estar
declarado em um movimento singelo de afeição, depositado na minha mão. Fiquei
com o braço estendido, inerte, recebendo aquele coração escarlate de costura
leve e esmerada não havendo, no entanto, o seu par.
Comecei a imaginar muitos
significados para esta atitude que deixava o seu autor invisível naquele
momento uma vez que, solitariamente, ousou confessar, através
de uma intimidade visível e muda ignorando quais falas deveria acompanhar o
fato, proporcionando apenas a divagação
apropriada sobre o momento.
Uma hipótese ilusória é ter
havido em uma ocasião antiga uma interferência oculta, assim, o proposto tenha
passado despercebido de sua seriedade justo na hora em que um sentimento estava
sendo desvendado aguardando a contrapartida, que não aconteceu. Pode ter havido um instante em que a atenção
se voltava a outro patamar ou respirava o agrado em outra perspectiva.
Pensando um pouco mais para
trás pode ter havido um engano na afirmação do apego sendo
o sinal rejeitado sem dó nem piedade porque o personagem não transitava em seus
pensamentos, em sua vida e muito menos no seu coração, no caso, um coração de
verdade e não o sujeito da fábula.
Finalmente me veio a lembrança
a sutileza do ocorrido em uma fase remota que representa a oferenda lúdica da
confissão de um amor impossível o qual a Vida, caprichosamente interveio, deixando
a mão com um só coração, estendida.
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