domingo, 28 de setembro de 2025

Declaração de amor

 


Lembrei de uma declaração de amor que apontou em determinado tempo um norte me confundindo um pouco sobre seu surgimento ficando eu sem saber se seria este a mim dirigido por estar declarado em um movimento singelo de afeição, depositado na minha mão. Fiquei com o braço estendido, inerte, recebendo aquele coração escarlate de costura leve e esmerada não havendo, no entanto, o seu par.

Comecei a imaginar muitos significados para esta atitude que deixava o seu autor invisível naquele momento uma vez que, solitariamente, ousou confessar, através de uma intimidade visível e muda ignorando quais falas deveria acompanhar o fato, proporcionando apenas a divagação apropriada sobre o momento.

Uma hipótese ilusória é ter havido em uma ocasião antiga uma interferência oculta, assim, o proposto tenha passado despercebido de sua seriedade justo na hora em que um sentimento estava sendo desvendado aguardando a contrapartida, que não aconteceu.  Pode ter havido um instante em que a atenção se voltava a outro patamar ou respirava o agrado em outra perspectiva.

Pensando um pouco mais para trás pode ter havido um engano na afirmação do apego sendo o sinal rejeitado sem dó nem piedade porque o personagem não transitava em seus pensamentos, em sua vida e muito menos no seu coração, no caso, um coração de verdade e não o sujeito da fábula.

Finalmente me veio a lembrança a sutileza do ocorrido em uma fase remota que representa a oferenda lúdica da confissão de um amor impossível o qual a Vida, caprichosamente interveio, deixando a mão com um só coração, estendida.

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