O tempo que recebeu a nova
estação que eu chamo de Princesa do Clima, a Primavera veio acalmando os ânimos
do lugar sendo visível que todos entraram na pasmaceira aproveitando que o
vento não surge cheio de humores arrastando o que vê pela frente, a chuva não
desagua de uma vez só inundando além dos córregos, ruas e passadiços frágeis, o
sol entra ameno, mas sempre se diverte no avanço do dia brilhando com força. Os
bichos saem das tocas e caminham preguiçosos pelas ruas e os pássaros refazem
seus ninhos na copa das árvores que agradecem o esmorecer do tempo mais severo.
O pescador aproveita as águas
baixarem seu nível e resolve, ao invés de pegar o caniço, colocar a canoa
simples e romântica a navegar lembrando os tempos em que iniciou o trabalho
junto ao mar, travando todos os dias uma aventura apaixonante que singulariza
todos os minutos dos seus dias desde o combate às ondas até o navegar
turbulento - ou sereno - sempre tendo como presente da Vida o retorno ao lar.
Foi nesta canoa que iniciou sua vida entre a areia e o oceano.
Nem bem havia iniciado o
passeio a canoa encontrou um banco de areia oculto pela maré baixa
assentando-se com toda a gala possível deixando seu
dono enredado no nível de água tão baixo que mais parecia um chão de vidro. O momento veio segredar ao pescador que
nem todo dia será de singrar pelas águas duvidosas e que este dia veio a
propósito cochichar em seu ouvido que tempos altivos e severos necessitam ter
uma pausa para, deste modo, acalmar a temperatura da Vida em curso. A canoa de
simples construção alçou hoje o vigor inerente a simplicidade de ser, de não
possuir nenhum acessório que não fosse seu próprio dorso com a missão de, pelo
menos hoje, ancorar no leito que lhe dá passagem todos os dias.
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