Neste domingo ensolarado um
certo incomodo me levou a não mostrar a cara além do meu quadrado, e,
atropelada por este motivo bobo me lancei a examinar as minhas contas que estão
todas arrumadas por assunto, dia, mês e ano em um gavetão que escondo embaixo
da escada. Para minha surpresa assim que abri o lugar dos guardados a montanha
de papel que eu esperava vislumbrar não estava exatamente onde as deixei me
causando um certo calor e uma leve tontura de susto ao perceber que a gaveta
dos quitados estava vazia.
Ativei minha memória
afiadíssima aliás – desnecessário dizer o motivo – e comecei a lembrar quais
dados participaram desta organização primorosa dos meus recibos da vida e que
tive o pendor de deixá-los organizados e, deste modo fortuito, ter a
oportunidade de revê-los. Fui puxando o fio para entender quais assuntos que eu
pretendia me debruçar e estranhamente percebi que nenhum deles envolvia
montante algum. Me dirigi a um móvel que possui muitos escaninhos, tal qual a
minha alma, para verificar se por um lapso de organização eu havia depositado o
que procurava por ali.
Ao abrir o primeiro
compartimento me deparei com uma anotação que se referia a um bilhete do meu
pai que prometia me dar uma bicicleta em mais um menos um ano. Lembrei comovida
que esta divida havia sido quitada com honra por ele e, assim, recebi minha
bicicleta nova de um tamanho para uma menina maior. Sorri e o guardei de volta.
Passei ao segundo escaninho e
lá estava o meu diploma de formatura da Aula de Datilografia pendurado na
parede de uma pequena peça em minha casa de infância que minha mãe havia montado
para mim, constando de uma grande escrivaninha, uma maquina de escrever e um rádio
de pilha. Foi ali que passei meu tempo de menina pequena, maior e já mocinha
não cessando nunca de agilizar meus dedos em simples folhas de papel e
cadernos. O incômodo da manhã me pôs de joelhos frente a Deus que me deu a Vida.
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