quinta-feira, 24 de julho de 2025

Para onde

 



Olhei para os dois lados antes de partir e mesmo assim não encontrei o caminho a tomar uma vez que cansei de olhar em frente, de dar passos largos ao rumo que se apresentava pois naquele dia minha expectativa era topar com o predestino como sendo um alvo certeiro, queria fincar os calcanhares no chão com determinação e acelerar a passada mas, ao tentar fazer isso meus pés se pregaram ao solo, me desequilibrando e travando meu corpo que já estava de prontidão para encetar a jornada fosse qual fosse.

Travar-me ao solo parece ter sido um aviso claro que havia surgido um dilema dentro de mim, receosa de encarar todas as portas que estavam querendo se abrir e que eu, de alguma forma me negava a entrar.

Ao girar os olhos para descobrir o que haveria de me chamar a atenção naquele dia dúbio por natureza, tive a cautela de não olhar para trás, imaginando que somente encontraria pedaços de vida aleatórios, pessoas desaparecidas, jardins esquecidos e ruas   secas e desertas demonstrando claramente que dali fui arremetida  até chegar a este ponto da passagem.

Ao estar estagnada e sem chance de me mover para lado nenhum iniciei uma jornada investigativa baseada apenas na minha intuição, afinal, tenho desde há muito me guiado pela brisa da vida que avança rápido sobre mim e somente sinalizando o tempo que passa.

Em um impulso girei os calcanhares e retomei o caminho trilhado até aqui, levantei a cabeça, empinei o nariz, retirei a nuvem dos meus olhos e resolvi criar outras fases de vida, encontrei novas pessoas, lavrei a terra reflorestando as estradas e, por fim, acimentei a rua deserta com um novo desígnio.

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Banho de mar

  Engatei a marcha da resolução, pisei firme o pé na areia úmida e gelada seguindo com os olhos vidrados na maré vinda de alto mar até morre...