Olhei para os dois lados antes
de partir e mesmo assim não encontrei o caminho a tomar uma vez que cansei de
olhar em frente, de dar passos largos ao rumo que se apresentava pois naquele
dia minha expectativa era topar com o predestino como sendo um alvo certeiro,
queria fincar os calcanhares no chão com determinação e acelerar a passada mas,
ao tentar fazer isso meus pés se pregaram ao solo, me desequilibrando e travando
meu corpo que já estava de prontidão para encetar a jornada fosse qual fosse.
Travar-me ao solo parece ter
sido um aviso claro que havia surgido um dilema dentro de mim, receosa de
encarar todas as portas que estavam querendo se abrir e que eu, de alguma forma
me negava a entrar.
Ao girar os olhos para
descobrir o que haveria de me chamar a atenção naquele dia dúbio por natureza,
tive a cautela de não olhar para trás, imaginando que somente encontraria
pedaços de vida aleatórios, pessoas desaparecidas, jardins esquecidos e ruas secas e desertas demonstrando claramente que
dali fui arremetida até chegar a este
ponto da passagem.
Ao estar estagnada e sem
chance de me mover para lado nenhum iniciei uma jornada investigativa baseada
apenas na minha intuição, afinal, tenho desde há muito me guiado pela brisa da
vida que avança rápido sobre mim e somente sinalizando o tempo que passa.
Em um impulso girei os
calcanhares e retomei o caminho trilhado até aqui, levantei a cabeça, empinei o
nariz, retirei a nuvem dos meus olhos e resolvi criar outras fases de vida,
encontrei novas pessoas, lavrei a terra reflorestando as estradas e, por fim,
acimentei a rua deserta com um novo desígnio.

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