Fulana nem bem havia aberto os
olhos remelentos e se atirou no jardim para conferir o tempo e se alegrou
porque a perspectiva do clima era de muito calor, mas muito quente mesmo o que
já entusiasmou a carnavalesca que sonha há muito tempo em liderar o Bloco do
Insensato que tem por característica contar uma história que maneja e inverte a
trajetória de heróis de ontem e de hoje.
Em seguida foi ver se havia
chuva no horizonte e também percebeu que nem um pingo d’água estava por vir.
Ótimo, nestes dias do desterro da sanidade e periculosidade o consentimento da farra
frenética é importante para que todos foliões desfilem de acordo com o tema
proposto.
Fulana se dirigiu à arca de
vestimentas temáticas e começou a vasculhar o acervo bem volumoso. Foi deixando
as fantasias de antigamente para trás porque estas exigiam muita força física
para o desfile por serem ricamente confeccionadas, volumosas e famosas. Acabou
escolhendo um tapa sexo com uma armação que sustentava o peito, aberto, por
força das circunstâncias da bagaça que adota “menos é mais”.
Quase na finaleira da
arrumação momistica Fulana foi conferir a banda que irá embalar seu
bate-bum-bum e requebro de quadril dissonante do resto do esqueleto. Satisfeita,
conferiu que a banda era composta por artistas que carregavam em seu olhar a
ingesta de substância não identificada e por este motivo plausível acontece o
destrambelho de gestos e sons ocasionando confortável ritmo descoordenado.
Fulana entrou na avenida exibindo
um cartaz com sua denominação: Fulana, Sem Identidade, Sem Filiação, Sem Gênero,
Sem Origem, Sem noção e Com Máscara. Agora sim o retrato do insensato ficou
completo.
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