segunda-feira, 3 de março de 2025

Festa consentida

 


Fulana nem bem havia aberto os olhos remelentos e se atirou no jardim para conferir o tempo e se alegrou porque a perspectiva do clima era de muito calor, mas muito quente mesmo o que já entusiasmou a carnavalesca que sonha há muito tempo em liderar o Bloco do Insensato que tem por característica contar uma história que maneja e inverte a trajetória de heróis de ontem e de hoje.

Em seguida foi ver se havia chuva no horizonte e também percebeu que nem um pingo d’água estava por vir. Ótimo, nestes dias do desterro da sanidade e periculosidade o consentimento da farra frenética é importante para que todos foliões desfilem de acordo com o tema proposto.

Fulana se dirigiu à arca de vestimentas temáticas e começou a vasculhar o acervo bem volumoso. Foi deixando as fantasias de antigamente para trás porque estas exigiam muita força física para o desfile por serem ricamente confeccionadas, volumosas e famosas. Acabou escolhendo um tapa sexo com uma armação que sustentava o peito, aberto, por força das circunstâncias da bagaça que adota “menos é mais”.

Quase na finaleira da arrumação momistica Fulana foi conferir a banda que irá embalar seu bate-bum-bum e requebro de quadril dissonante do resto do esqueleto. Satisfeita, conferiu que a banda era composta por artistas que carregavam em seu olhar a ingesta de substância não identificada e por este motivo plausível acontece o destrambelho de gestos e sons ocasionando confortável ritmo descoordenado.

Fulana entrou na avenida exibindo um cartaz com sua denominação: Fulana, Sem Identidade, Sem Filiação, Sem Gênero, Sem Origem, Sem noção e Com Máscara.  Agora sim o retrato do insensato ficou completo.

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