Dei apenas uma volta e ao
dobrar a esquina topei com um paredão de concreto armado, com aparência de um
mosaico com variada forma construtiva, colocado lado a lado tornando o espaço
uma assombrosa divisória de cimento e ferro.
Fico imaginando o propósito da
inusitada muralha. Talvez uma competição de quem consegue se sobrepor ao outro,
tornar sua identidade famosa, abrigar mais espaço interno do que seus comparsas
ou até quem sabe tenham tido todos a sensação de segurança em tempos difíceis,
ou se apoderar de uma facilidade para vigiar a vizinhança que somente um
amontoado incrível de prédios de todos os tamanhos pode oferecer, afinal ali se
encontra sacadas, janelões que devassam os ambientes, coberturas a céu aberto e
jardins coletivos. Tudo pronto.
É de se imaginar em qual
janela o sol baterá primeiro, qual veneziana se abrirá ao olhar do mundo que
congrega aquele circuito diferente e em contrapartida, o que e quem estará à
espreita do recém chegado aos primeiros acordes do dia. Uma batalha de aberturas
se entrega à faina dos olhares avizinhados numa fúria avassaladora de espreitar
tudo e todos.
Acredito que esta exaltação da
visão de grupo virá acompanhada pela imediata busca das telas de todos os
tamanhos e tipos com uma sofreguidão de eternizar a hora e empanturrar a mente com
todas as letras minúsculas e maiúsculas que anda circulando nos cabos
invisíveis do universo.
Nesta maçaroca de vida não há
espaço para o sol e a lua serem percebidos mansamente, não há recinto físico
para que a brisa da floresta, do mar, do rio, do lago permeie por ali, o
perfume da chuva na terra jamais conseguira galgar os degraus do amontoado de
prédios sem alma.
Um comentário:
Tem gente demais neste mundo!
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