sábado, 14 de setembro de 2024

Passo Divino

Achei um caminho inusitado neste dia em que o Divino se acomodou entre nós parecendo estar com intenção de perambular por aí como quem não quer nada se fazendo de quase invisível deixando à mostra apenas um livro aberto que aguça a curiosidade do desperto na madrugada, do olhar que se estica como elástico forte, como mente agitada pelo terror da noite. É para estes que o livro se abre sem pudor e sem explicação, balbuciando em suas páginas apenas um rumor do que acontece aqui e ali numa instância para prestar atenção.

Faz bem olhar com cuidado o conteúdo que emerge das páginas e vão se acomodar por aí em meio ao nada parecendo ter a intenção de prosear com o desconhecido, de alertar o adormecido, de brincar de esconde-esconde com o cotidiano pacato do lugar, afinal a página virada para ser lida foi impulsionada sem critério do que revelar.

A interpretação me pareceu uma brincadeira de criança, eivada de alegorias sutis brindando o leitor num jogo de adivinhação e de alegre passeio por entre suas ideias, da mais simples à mais estapafúrdia, da mais complexa à mais bucólica demonstrando que tudo pode ao se desvendar a lauda de um alfarrábio qualquer  desde fechar sua página peremptoriamente por absoluta rejeição, por descaso, ignorância, ou solene aceitação da brincadeira das palavras grafadas permitindo o nascimento de personagens de vários matizes.

Em espaço reduzido a imaginação trava uma batalha campal no espirito que busca alimento para alma e que se nega a empobrecer de versos que saltam e vagam pelo tempo de todos com promessas acreditáveis e outras vãs.

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