Ela veio nas ventas de Sagitário que diz a lenda dos astros nasceu liberta como passarinho do mato, coração como ave gigante que anda por todos os céus planando aqui e ali, porém seguindo o curso dos ventos sem muito olhar para trás muito menos para os lados, indo em frente amenizando todos os desafios que possa encontrar.
Mesmo ainda menina sentiu a flecha do centauro esburacando seu coração e desde aquele dia nunca mais se desprendeu do feitiço animal que tomou conta de sua vida, inebriando as condições de afeto praticamente sem possibilidade de arrancar a condição sentimental que havia se instalado de maneira definitiva quase como uma patada de cavalo que nunca cicatriza.
Foi desta maneira bem lúdica que o tempo foi passando e moldando em um feitio único uma vida qualquer, uma existência comum, um andarilho de Deus seguindo seu caminho com fé que as escolhas são definitivas e que assim acomodada à vida vai tendo seu curso, às vezes com mais pressa, às vezes com mais vagar, mas para o centauro ilustrado o potreiro com cancela lacrada a sete chaves dá uma sensação de segurança e de para sempre, mesmo que mais adiante aconteça o contrário.
O dia nem tinha amanhecido a
pleno quando a porteira que enquadrava a vida já passada em anos escancarou-se
deixando como ferida aberta todos os propósitos alinhavados, esfarelando a
perspectiva de enquadramento único em uma combinação, desamarrando com
facilidade os nós preciosamente colecionados durante tantos anos. Restou ali,
no chão batido de um coração partido o centauro com patas, ventas e flechas inerte.
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