Não prestei muita atenção no entorno e muito menos no caminho que me persegue sem folga, mesmo que eu tenha colocado na beira da estrada sinais relevantes e airosos de desvios, esperançosa de que me leve a outros lugares, pode até ser mais sombrio, enfim, que seja, afundar o caminho das pedras não me afasta da mesmice instalada pelo tempo vagaroso cheio de desconforto que todo santo dia se apresenta à mim.
Nada disso que se oferece está colado em mim como craca de navio, ando agora num requebro bem balanceado a começar pelo meu próprio pensamento que já não se apodera da minha alma cansada com avidez impertinente num atropelo incauto e, se isto acontece, respondo com a peneira do discernimento que mesmo avariada e com remendos de ferrugem, persiste em me acompanhar. Sempre dou ouvidos a ela.
Uma vez que a trilha está ali na minha frente me dando as ordens do dia dei-me conta que já está mais do que na hora de fazer uma variação e quem sabe vestir aquele Avatar guardado a sete chaves na minha cachola e sair por ai provocando as almas que vagam sem destino como ora me impõe a minha secreta vontade.
Retirei com carinho a indumentária do meu pensamento e a vesti com galhardia e me fui dia afora com a cara e a coragem de sobreviver ao caminho apresentado como se fosse esta a minha única opção, por costume, por ignorância ou covardia.
As cores voltaram à minha
face e assim me apresentei à vida neste novo dia que nasceu desafiando meu
pensamento para frente e para trás. Assim que me disfarcei entrei correndo
naquele desvio que eu havia, somente agora, percebido e, deste jeito mais leve
fui descobrindo segredos que deixei para trás sem querer, mas, que restavam em
mim, apesar de tudo.