Espiei por cima do ombro, movimento que tenho feito muito raramente, mas o fiz, por algum motivo camuflado e lembrei que determinados assuntos não é bom perder o hábito de praticar, então fui lá, conferir o que me parecia - no íntimo - me chamar tanta atenção. Em tempos mais atrasados havia decidido levantar o nariz e enfunar as narinas tal como as velas das embarcações que navegam por aqui, absorvendo a maresia que além de me despertar me faz olhar com clareza o entorno e muito mais, o interno.
Percebi que havia um pequeno percurso que obrigatoriamente eu devia trilhar sob pena de perder as melhores lembranças, que já guardadas insistem em aparecer quando menos convém ou quando menos se espera, mas confesso que descobri que o sujeito oculto da vida está sempre de plantão, de olho arregalado examinando o para frente para trás como uma máquina de costura de fazer bainhas – tempos antigos – que vai em zigue-zague e que pesponta o tecido com exatidão matemática.
Decidi explorar este lugar
que se apresentou como um filme antigo, algumas imagens em preto e branco
outras em um sépia amarelado como folha de outono, acompanhado por aromas que
reconheço como se fosse uma fotografia que recebe retoques da cor original,
podendo aparentar outro matiz, em virtude da passagem do tempo. Apesar de tudo
isso a figura surgiu nítida e comovedora um recado para mim que espiar por
sobre os ombros terá sempre, e cada dia mais, resultado emocionante.
Um comentário:
Adorei🤩
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