Como se o mundo fosse pequeno e as pradarias tivessem limites, as montanhas barrassem o prado, o pântano secasse, o planalto submergisse, o espaço físico se extinguisse e por estes motivos inacreditáveis instala-se o modus operandi de viver amontoado uns sobre os outros tendo como primeiro mandamento a obrigação de viver com os seus desiguais, compartilhando os espaços que para uns é bom para outros e ruim, se desabituando do que é adequado para si para ficar em duvida, acordando para ter de apenas ouvir as ordens, calando-se em um abatido uníssono.
E assim vai-se andando a par e passo, abrindo mão aqui e ali de muito, tudo ou quase tudo de suas crenças e gosto e deste jeito arrevesado se torna uma vida onde os dez mandamentos cristãos não bastam, a cartilha do não está pendurada em todas as paredes, pregada nos quadros, colada nas escadarias, nas entradas, nas saídas. Que beleza ter uma vida assim tão organizada pelos outros não havendo mais a tarefa cognitiva de pensar e estabelecer seus ritos sagrados. O brete se multiplica e se expande parecendo não haver jeito, modo ou alternativa para correr, fugir, se esconder ou quiçá ir para o outro mundo que te acena, logo ali com o sorriso redentor.
Cala-se a voz, o griteiro
arrefece, a garganta se aperta com leve nó para que o dito cujo possa respirar
somente pelos poros, na sequencia uma suave tentativa de cingir os ombros como
se fosse um abraço traidor e está feita a conversa onde somente um vocifera e o
outro possui apenas o olhar arregalado e ouvidos para ouvir.