O dia estava iluminado e
quieto, paradíssimo, eu diria, e, para minha surpresa eu não conseguia,
inclusive, ouvir o meu pensamento o que me forneceu a impressão lúgubre de ele
estar sintonizado em outra frequência que não a minha habitual. Nem me amofinei
e deixei para lá esta impressão porque hoje, justamente, não me interessa o que
estou pensando de fato.
O caminhar desta manhã tem o
propósito de esvaziamento de tudo e não me importo nem com o destino, ele, pelo
jeito também se evadiu de mim, não demonstra boa vontade no apontamento e
também o sinto paralisado, moribundo ou quem sabe até já morreu e esta no Limbo
fresteando os acontecimentos dos mortais. Pobres mortais.
Fiquei contente por ter a
oportunidade de silenciar a minha cabeça barulhenta que nunca quer dar ponto
sem nó e totalmente maniática em evoluir os assuntos me empurrando para todo
bate cabeça que se apresente incontinenti. Quero largar fora desta orgia de
falatórios, de disse me disse seguindo a dança satânica onde existe apenas
aquele brete e a variação acontece sempre para o mesmo lado, mudando os
personagens, a retórica, os pontos e as vírgulas,
dando aquele sopro que parece brisa, mas tem potencial de furacão.
Resolvi andar no vazio para
variar e então me lembrei de ficar contente porque de certo modo houve um
reencontro profícuo nesta hora. Nasci bem assim, quieta, assombrada, olhando
sempre para tudo como se tivesse dentro de mim um grande, multicolorido e
sombreado Caleidoscópio.
Um comentário:
Que belo, Vera.
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