domingo, 20 de setembro de 2020

Na sombra do caleidoscópio

Achei o caminho com facilidade e sem muito pensar segui a trilha marcada com aplicação, como se não houvesse, pelo menos naquele dia outra direção. De certo modo eu estava muito cansada de pensar, decidir e levantar o olhar para analise mais aprofundada estava fora de questão, mais não seja pela falta absoluta de alternativa.

O dia estava iluminado e quieto, paradíssimo, eu diria, e, para minha surpresa eu não conseguia, inclusive, ouvir o meu pensamento o que me forneceu a impressão lúgubre de ele estar sintonizado em outra frequência que não a minha habitual. Nem me amofinei e deixei para lá esta impressão porque hoje, justamente, não me interessa o que estou pensando de fato.

O caminhar desta manhã tem o propósito de esvaziamento de tudo e não me importo nem com o destino, ele, pelo jeito também se evadiu de mim, não demonstra boa vontade no apontamento e também o sinto paralisado, moribundo ou quem sabe até já morreu e esta no Limbo fresteando os acontecimentos dos mortais. Pobres mortais.

Fiquei contente por ter a oportunidade de silenciar a minha cabeça barulhenta que nunca quer dar ponto sem nó e totalmente maniática em evoluir os assuntos me empurrando para todo bate cabeça que se apresente incontinenti. Quero largar fora desta orgia de falatórios, de disse me disse seguindo a dança satânica onde existe apenas aquele brete e a variação acontece sempre para o mesmo lado, mudando os personagens, a retórica,  os pontos e as vírgulas, dando aquele sopro que parece brisa, mas tem potencial de furacão.

Resolvi andar no vazio para variar e então me lembrei de ficar contente porque de certo modo houve um reencontro profícuo nesta hora. Nasci bem assim, quieta, assombrada, olhando sempre para tudo como se tivesse dentro de mim um grande, multicolorido e sombreado Caleidoscópio.

Papelaria em dois tempos

  Não sei quem me encontrou primeiro, se aquela papelaria antiga ou eu, que ando gastando a sola do sapato atrás de quinquilharias que lembr...