Mentes recheadas de letras
entre as palavras acabam se encontrando no limiar dos parágrafos, travessão,
ponto e vírgula e assim nos descobrimos Leonardo Leiria e eu. Saltar para uma
criação de texto em conjunto foi apenas questão de tempo. Apresentamos aos
nossos diletos leitores este texto “Café Derramado”. Parágrafo 1 e 3 de minha autoria e parágrafo 2 e 4 do Leiria.
Confiram!
O plantio, a colheita, a fabricação do pó do café ou em grão segue um rito cheio de superstições desde o inicio e eu já encontrei vários no meu tomar a primeira xicara de café todo dia. Dei-me conta que a caminhada até a cafeteira vai sendo compassada por um pensamento fixo e obsessivo em relação à bebida, dando uma pinta de que não sou nada nem ninguém antes de ela chegar a mim, bem quentinha. Fico ali, de cantinho, na espreita, acompanhando o rufar da água se deitando sobre o pó.
Pois é, café com vassoura não combina, mas há uma ação que era praticada antigamente, de colocar uma vassoura atrás da porta, virada, para afastar visita indesejada. Portanto, pertine discutir a assertiva de que não estavam umbilicalmente ligados. Derramar café, creio, seja uma verdadeira Instituição, pois poderá oferecer até, quiçá, "juízo de valor".
Há quem suponha que despejar a bebida significa desequilíbrio mental, afã para chegar ao destino, pressa de interromper, ingerir com avidez e acelerar as falas bordejando no proposito de desarrumar. É sempre de bom tom examinar com certa acuidade quem serve café arrevesado, derramado no pires, frio e sem açúcar.
Ao fim e ao cabo o serviço oferecido por este histórico cerimonial até oriundo, quem sabe, lá do Olimpo, possa ser uma antevisão para alternativas difíceis, convivência em grupo, limite de tolerância e renúncia nas relações de paixão e defesa de pontos de vista, que de fato, de amplitude estratosférica, que nos enseja pensar: derramei café ou nunca vou derramar café...
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