Os mil pedaços estão ali
espalhados pelo chão como se fossem cacos inconsertáveis de algo que ocupou por
pouco, muito ou por toda a vida uma alma que agora sangra ao perceber que
talvez todos os seus esforços foram em vão para manter no bate pronto os amores
dentro do coração, símbolo físico do afeto. Não foi por falta de aviso.
Enquanto tudo indicava para um fim desastroso foi a obrigação de cumprir ritos
que maximizou a desgraceira. Ou pior: vislumbre ilusório de uma situação como
se assim fosse possível parar o tempo.
Ficou fácil escolher aquela
estrada ladeada por canteiros de flores as mais diversas. Eram tantos os
formatos e matizes que cresciam e se emaranhavam promovendo uma visão idílica
que não se percebia os perigos ocultos de sair do caminho apontado. Porém ali
estavam eles fardados de espinhos pontiagudos, seiva venenosa e insetos ocultos,
prontos para revelar seu mal se fossem desafiados. Bem assim. Mas, o que os
olhos não veem o coração não sente.
A montanha nem parecia ser
tão íngreme olhando do sopé e assim, com equipamentos emocionais enfraquecidos
se vai aquela alma quase penada lomba acima em busca do sonho de amor. Vale
lembrar que na mochila rota e murcha se acumulam desilusões e foram ali
colocadas para ser um norte, um exemplo, para a próxima tentativa de amar. Na
primeira parada, por causa do peso, a mochila é descartada e com ela o rico
histórico que lhe salvaria de nova desilusão. Pois ora veja, novamente surge o
imponderável: o que os olhos não veem o coração não sente.
O mar aberto, com todos os
seus mistérios cantados em prosa e verso estava ali, sempre à disposição para
receber qualquer tipo de coração aberto ao amor, dos mais felizes aos mais
desgraçados. Todo santo dia as ondas vem lamber as areias e, principalmente, as
feridas de quem se desiludiu, de quem vem juntar suas lágrimas ao oceano, de
quem prevê que orando para Iemanjá seu destino amoroso vai mudar. Diante da
imensidão do mar e dos seus segredos profundos, tudo é possível, até iludir-se.
O que os olhos não veem o coração não sente.
Um comentário:
É, para alguns a busca do sonho do amor é como o trabalho de Sísifo...
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