Uma beleza andar na multidão
- ou nem tanto - enfarpelados de mascaras que oculta muito ou quase tudo da
nossa feição. Conforme o modelito e acessórios não saberemos quem é o dono
daquele corpo que anda por ai, mas talvez o identifiquemos pela indumentária
que em lugares pacatos não varia muito uma vez que não há preocupação de
projetar uma imagem social, de riqueza ou de status, às vezes falso. Vale mais
projetar o conforto da cabeça aos pés e sair por ai sem preocupações, sem olhar
para o lado, sem analisar os que cruzam por aqui e por ali. Para poucos.
O envoltório ganhou o mundo
e começa escondendo o sorriso, um cartão de visitas universal e agora oculto
deixa em dúvida vizinhança, amigos, prestadores de serviço e o scambal. Ao não
se deparar com o sorriso fica a duvida da acolhida e se dá uma vacilada se o
dito que lhe frenteia está de coração aberto ou acuado. Na duvida, a
recomendação é ser assertivo e protocolar, pulando para o outro lado da rua.
Fugir do outro, este é o mantra da hora.
Emudecidos, os disfarçados
perambulam protegidos sem a obrigação de ter de ouvir conversa fiada, contação
de vantagens, assunto sem fundamento e maledicência. De esguelha se espia as
presenças profícuas evacuadas de nós.
A camufla do rosto faz o olhar embaciar, se
voltar para baixo, para as pedras do caminho, encilha o pensamento e a
iniciativa murchando o sorriso que ficou sem destino. A boca escondida e a voz
abafada é superada pelo poder do olhar que irá fuzilar o mal intencionado que
ri com os olhos e condena com o lábio oculto. Não se mascare por dentro e
mantenha seu olhar fixo e brilhante para ofuscar a boca tapada à mando.
Um comentário:
O texto é muito bem construído, apanhando como cerne, a problemática atual e, penso, coteja com "prejuízos ao sorriso -pela autora tratado como cartão de visitas. leonardo leiria
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