Hoje o mar veio lamber nossos pés deixando
para trás tantos dias em que, recuado, permitiu que praieiros e veranistas
aproveitassem os últimos dias de verão. A beira do mar esteve convidativa como
há muito tempo não se via, com o mar esverdeado, águas tépidas, brancas e fofas
areias, movimento sem exageros em suas ondas deixando os frequentadores se
fartarem com as delicias de uma brisa fresca passando o dia no bem bom. A semana
recebeu com muita paciência o colorido dos guarda-sóis tremulando fracamente
com a brisa, crianças e adultos com os olhos perdidos no horizonte se
despedindo da temporada.
O amanhecer de hoje veio para avisar que
daqui para frente os ventos do quadrante hão de se enfarruscar com vontade e o
oceano vai seguir outros passos de dança, assim como agora, que se jogou até
quase a beirada como se quisesse lavrar tudo o que ficou pelo caminho, arremessando
o que não lhe pertence para cima da costa dando oportunidade para que tudo seja
recolhido com respeito à natureza. De certo modo, aqui e acolá foi sendo
recolhido o arsenal que teima – graças a Deus – em se subtrair do abraço do mar
que sabiamente o rejeita.
A imensidão das águas respira um ar de
liberdade, tenho certeza, porque com o quebra mar livre deita-se com coragem
por cima de tudo deixando em polvorosa a bicharada que também sai de seus
esconderijos. Agora, deitam-se ao sol mariscos brancos, tatuíras e os caranguejos
brincam de ir e vir de suas frágeis tocas como se precisassem esticar suas
pernas, como se farejassem que o maior perigo de uma pisada, passou.
A casinha do guarda-vidas mergulha de bom
grado nas ondas divertindo-se em se equilibrar com a ressaca prematura e na
ausência dos seus guardiões não refuta companhia que queira se arriscar em
apreciar o mar revolto de uma altura maior. Todos por ali se unem como grandes
amigos que são, imaginando quanta traquinagem a natureza os fará passar em
tempos tão diferentes entre si e que oportuniza aos que ficam a maior variedade
de espetáculos diários.
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