Tudo por aqui é diferente sendo igual, porque
o praieiro vive dos detalhes, do calendário que favorece sua preferência, espia
sempre o que a natureza litorânea está lhe assoprando, estica o pescoço para
qualquer fresteio de mar que lhe passa pela frente, pelo lado ou por detrás,
respira a maresia como se este fosse o melhor oxigênio do mundo assim como seus
passos são guiados na busca do assombro. E neste março não é diferente.
O despertar mudou de tom e sem saber direito
como, impera um silêncio quase mortal que é tão familiar que não assusta, pelo
contrario, despudora-se as apreensões e com uma maneira sempre peculiar
anuncia-se o mês que na normalidade daqui encerra-se uma prática para dar lugar
àquela outra, que é habitual até em pensamento, mesmo que este queira se afogar
em águas veranistas que por conta da personalidade indômita do mar, não existe
mais, por ora.
Assim a natureza organiza-se com certa
escravidão ao calendário e vai respondendo com cáustica ironia aos que partiram
sem olhar para trás, aos que esvaziaram suas moradas sem perceber que estes
espaços provavelmente vão chorar ausências, vão sentir falta da confusão, da
risada destrambelhada, do choro das crianças, da buzina do picolé e da voz
sempre igual do vendedor de sonho e pão caseiro.
Com sede de vingança as águas de março se
transformam e refutam atitudes drásticas do clima e rindo á toa pintam o mar de
verde Caribe, a brisa sopra o suficiente para deixar refrescado quem se
instalou cedíssimo na beira do mar, o sol resolve ter companhia e o vai e vem
de nuvens fofas como algodão passeia pelo céu azul, as bandeiras do
guarda-vidas mudaram de cor e tremulam com preguiça no alto das Guaritas. A
areia e o mar comemoram as “aguas de março fechando o verão”.
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