Andarilhei estonteada por todo canto,
conversei com meio mundo, senti todas as dores como se minhas fossem, observei
a loucura de uns e outros e me identifiquei com todas, perscrutei todos os
olhares que se derrubavam sobre minha figura sem escrúpulos e mesmo assim eu
devolvia a inquisição, sem nenhuma vergonha de tentar uma conversa, de quem
sabe conseguir a informação que não vinha de lado nenhum. No lugar em que me
encontrava o vago era a única simetria que avançava.
De pronto havia ali uma celeuma onde se
encontravam em conversas todas as estórias de vida quase conjugando um verbo
mais que perfeito, com todas as vírgulas no lugar certo, mas o ponto final não
encerrava absolutamente nada, apenas dava uma deixa para o recomeço, como se fosse
um soluço ou uma pausa pedindo misericórdia a quem quer que por ali estivesse.
Continuei minha caminhada, mas, desta feita,
fazendo de minha mente meu guia, deixando para trás as mazelas reais que
encontrei e que – confesso – deixaram as minhas no rés do chão, no fim da
várzea ou quem sabe as decujas viraram pó, de tanta vergonha ao vislumbrar o
que não nos acontece pela frente.
Neste andar fui desvestindo as fantasias que
nos últimos tempos andaram tentando se acomodar no meu guarda-roupa, como aquela
veste inusitada de palhaço, que pretensamente pensaram que eu era, aquele
abraço que resultou em um entorse da coluna, aquele episódio incompreensível
que detonou uma amizade de anos, a ausência de ajuda de próximos, um vodu na brotação da minha folhagem preferida que
acabou secando e ficando para lá de marraquesh.
Vou por ali tentando entender o que anda
caminhando ao meu encalço, mas sei que é em vão o meu intento, porque dá uma
pinta de que está sendo construído um ladrilho novo para que eu de fato possa
enxergar o que tudo é, e não o que parece ser.
Nenhum comentário:
Postar um comentário