terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Tudo é...ou...


Andarilhei estonteada por todo canto, conversei com meio mundo, senti todas as dores como se minhas fossem, observei a loucura de uns e outros e me identifiquei com todas, perscrutei todos os olhares que se derrubavam sobre minha figura sem escrúpulos e mesmo assim eu devolvia a inquisição, sem nenhuma vergonha de tentar uma conversa, de quem sabe conseguir a informação que não vinha de lado nenhum. No lugar em que me encontrava o vago era a única simetria que avançava.

De pronto havia ali uma celeuma onde se encontravam em conversas todas as estórias de vida quase conjugando um verbo mais que perfeito, com todas as vírgulas no lugar certo, mas o ponto final não encerrava absolutamente nada, apenas dava uma deixa para o recomeço, como se fosse um soluço ou uma pausa pedindo misericórdia a quem quer que por ali estivesse.

Continuei minha caminhada, mas, desta feita, fazendo de minha mente meu guia, deixando para trás as mazelas reais que encontrei e que – confesso – deixaram as minhas no rés do chão, no fim da várzea ou quem sabe as decujas viraram pó, de tanta vergonha ao vislumbrar o que não nos acontece pela frente.

Neste andar fui desvestindo as fantasias que nos últimos tempos andaram tentando se acomodar no meu guarda-roupa, como aquela veste inusitada de palhaço, que pretensamente pensaram que eu era, aquele abraço que resultou em um entorse da coluna, aquele episódio incompreensível que detonou uma amizade de anos, a ausência de ajuda de próximos, um vodu  na brotação da minha folhagem preferida que acabou secando e ficando para lá de marraquesh.

Vou por ali tentando entender o que anda caminhando ao meu encalço, mas sei que é em vão o meu intento, porque dá uma pinta de que está sendo construído um ladrilho novo para que eu de fato possa enxergar o que tudo é, e não o que parece ser.

Nenhum comentário:

Papelaria em dois tempos

  Não sei quem me encontrou primeiro, se aquela papelaria antiga ou eu, que ando gastando a sola do sapato atrás de quinquilharias que lembr...