O tempo está tão calado que o céu se confunde
com o mar e assim eles dois concluem que se misturar no horizonte talvez seja
uma boa ideia, porque parece sempre que tudo está sendo levado com força para os
cantos que certa dose de pasmaceira é uma opção não pensada no dia a dia, mas
se for colocada em prática, se dará a perspectiva de um planeta diferente. De
inquieto se torna estático deixando fluir apenas uma réstia de luz, um ou outro
ponto de sombra, conchas e andarilhos da beirada estancam suas atividades e o nadinha
de brisa não desfaz o retrato onde a placidez é a pegada da hora.
A majestade do oceano cabe quase que
totalmente onde se esfumam suas espumas alardeando que o dia veio com ares de
amor, trançando tudo o que aparece na natureza, indo e vindo apenas no
movimento das profundezas que também se recolhe, parecendo prever algo que
possa acontecer neste lugar deserto, nesta praia aliviada, neste mar solitário e
refém do que acontece no entorno.
Mais adiante algumas pegadas ainda frescas
vão sumindo à medida que o mar as alcança, apagando a energia que emanava de um
ou mais pés que por ali vagueavam. Algumas palmilhas se foram apressadas
concluir o percurso, outras mais erráticas faziam voltas de lá para cá como que
procurando seu destino ou sua força, outras se afundaram na areia parecendo que
um chumbo de tristeza as embocou e assim outras mais diversas e leves pareciam
pegadas de criança de tão miúdas. E assim o mar com toda a tranquilidade foi
retirando dos seus donos suas marcas.
Pelo descrito até aqui não estava no “script”
o encontro de encantadores e minúsculos pés femininos com o seu par na beirada
deste mar, que obviamente se preparou para a cena. E assim, na ponta dos pés,
alguém se ergueu para alcançar o olhar do seu amado, lhe enlaçou em seus
braços, ergueu seu rosto e assim esta manhã inacreditável foi selada com um
beijo de amor de praia.
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