Quantos segredos em um sorriso com lábios de
todas as estirpes emoldurando dentes, que, muitas vezes falam mais do que a
boca, protagonizando em um único individuo o que aquela dentadura quer dizer,
qual o estado de espirito da alinhada massa que se sabe de muitos humores. São
dentes que riem, que mordem, que caem, que enegrecem ou que se vergam em plena
consciência do que seu portador faz para que tenham esta vida tão agitada. Um
paradoxo, para quem nasce para ficar quieto em seu lugar.
São todos companheiros alinhados, suportando
uns e outros para que se mantenham na linha, por serem lindos por natureza seu
foco é emoldurar rostos através de sorrisos que pode transmitir muitas
conotações. Pode ser um sorriso desmaiado porque a ocasião não se prestava para
demonstrações efusivas, um sorriso escancarado que precisa ter um motivo justo
para não se colocar em lugares que irá constranger seu senhor. É bom lembrar
que os dentes praticamente tem vida própria e às vezes é difícil segurar o
riso, a mordida ou a fúria.
A posição consolidada de sua importância vem
desde que nasce no bebê o primeiro e festejado “dentinho” que em seguida que
cai vai parar no pescoço da mãe emoldurado por uma argola de ouro. A dentição
definitiva vem a seguir, sendo monitorada para que não andem fora dos trilhos
porque finos laços de arame estão por ai, prontos para enlaçá-los e os colocar
em formação original.
O ranger de dentes é sempre oculto do seu
dono, sendo aquela gruta secreta notívaga que quando o sono entoa seu ninar, os
molares, os caninos e seus comparsas iniciam seu bate-bumbo rangendo entre uns
e outros e assim a arcada sonora se esbalda na condição da farra, tornando a
cavidade bucal um lugar cheio de segredos.
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