Tudo atualizado, apressando as tarefas que
nos mantem de pé todo dia em busca de finalizar o que nos foi apresentado ontem
ou há bem pouquinho tempo e iniciar com ligeireza o que inventamos ou bolaram
para estarmos sempre sentindo falta de alguma coisa ou de alguém, agitando as
horas e deixando bem claro desde o alvorecer que daqui para frente o moderno e
o automático fazem parte do nosso corpo.
Invencionices fazem a roda girar sempre para
frente e vai facilitando decisões, atalhando caminhos, pulando etapas para
chegar mais cedo em lugar nenhum, repetindo a leitura da bula todos os dias,
porque quase tudo se mostra antigo e obsoleto rapidamente.
Para tempos em que tudo acontece desta
maneira, cartas na manga são imprescindíveis, porque elas trarão para o efêmero
de todas as coisas uma chance de bisbilhotar antigos alfarrábios com segredos
descritos com um viés de outra hora em tempo, acionar ferrolhos pesados que
certamente abrirão grandes caixas com tesouros diversos e que nem lembramos
mais que existem.
Está sempre parecendo que nascemos ontem e
que hoje nos encontramos com tudo fora de curso e forma. Corremos avidamente
para atualizar o que é necessário causando surpresa, pois, aparentemente o
descarte e a renovação não se concluiu, surgindo então aquele gavetão emperrado,
cheio de escritos à mão, em letra bem desenhada e quase desconhecida dos
pretensos autores. Ao deitar o olhar às memórias guardadas, seu conteúdo se
encaixa com perfeição ao nosso apuro e pressa em caçar soluções para novos
problemas.
Do mesmo jeito, na busca do recente vai-se tropeçando
em objetos que se tornaram invisíveis por estarem em um mesmo lugar por tanto
tempo, relegados ao fundo da prateleira, cobertos de pó, esquecidos em uma
parede escura e com sua história perdida.
Ao olhar para o antiquado, com a luz da lembrança em perspectiva, tudo se
renova.
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