Bem torneados, com a pele grudada no osso
como convém, cada um com seus diferenciais como manda o figurino do nosso
corpo. São eles que recebem, em primeiro lugar, toda nossa desfaçatez ao sugerir sem a menor vergonha que ele se
comprometa de carregar os sentimentos, os mais diversos, para dizer o mínimo.
Como eles não podem sair do lugar, esbravejar através de gestos extemporâneos,
aquiescem se tornando assim as duas pontas do esqueleto que se contorce como
sendo nossos arrabaldes.
São dois arrimos que deliberam a eficácia de
nos sentirmos melhor ou pior a cada amanhecer, se curvando nos agradecimentos e
reverenciando o que vier pela frente, erguendo-se em lanças para possibilitar
uma vista mais ampla, se comprimindo entre si para acompanhar momentos de dor,
se afastando para abrir o peito e deixar ir o ar que se arrevesa emparedado.
Permitem-se ser arrogantes na tentativa de demonstrar quem tem razão e o embate
se faz na mudez da sua existência que pouco se expressa, mas muito carrega.
Os ombros femininos se arredondam em seu feitio
se exibindo sem pudor nas instâncias das vestimentas, se aprumando e seguindo o
falsear de todos os gestos estudados para atrair a quem se apresenta aos
arredores de si. Por sua natureza são delicados, dançam no ritmo de todo corpo,
se esgarçam na expansão da felicidade e se vergam quando o desgosto se
apresenta. São delicados, mas ao mesmo tempo fortes sendo os últimos a decair
enquanto de pé se encontra o corpo.
Os ombros masculinos nasceram para marcar o
território e com sua conformação atrevida por natureza gosta mesmo é de
exprimir sua autoridade e sua força, estabelecendo em detalhes os limites com a
musculatura que, quanto mais aparente mais encanta ou mete medo. Vai dai que
este cabide masculino não se encurva como touceira de bambuzal, não se arroja
em prantos, não se digna a se alevantar mais do que necessário. Mais
interessante imaginar que estes ombros em sendo varões se tornam com facilidade
um trespasse forte que une duas pontas altaneiras. Bom de pensar que passar em anos
à frente tenhamos ombros sempre perfeitos com uma feição segura e uma altivez que
nunca surpreende.
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