Abri a boca varias vezes e também tantas a
fechei, meus olhos se esbugalharam outro tanto mais e se cerraram, e deste
jeito meu corpo inteiro foi tomando atitudes de iniciativa, mas recuava constrangido.
Parecia que havia algum prendedor, uma ratoeira que me fisgava bem no momento
em que eu estava a ponto de me expressar. Não lembro direito se seriam para meu
bem ou para meu mal os motivos que me faziam reagir. Mas não importa, o fato é
que a cada momento em que eu me calava em palavras, gestos ou olhares, certa
bruma descia por entre meus ombros deixando o que já preso estava, mais
sorumbático, assim, como uma aura ao revés.
Meus olhos ficavam semicerrados com as pálpebras
dando sinal de cansaço e de falta de energia para continuar em sua vida
independente, lubrificando com os óleos da surpresa a vista observadora do
entorno que tem a missão de trazer para dentro de mim o que ocorre por ai, por
perto e também, como intuidor, o que rola ao longe.
E do mesmo jeito a força da fala autoriza a
abrir a boca e soletrar todas as ideias, as conclusões e também o que for
necessário para colocar algumas coisas no seu devido lugar e então percebo que
em minha boca se esconde bem de cantinho
uma censura, uma trava, um não sei quê de pensar antes de falar e assim, com
este modo mais maduro me calo. Ledo
engano que estes assuntos terão destino fúnebre em seu propósito, tenho certeza
que serão aproveitados - com outra serventia - em ocasiões relevantes, quando o
desdouro da indignação arrebentar meu coração e deste jeito vou fluir estas e
outras tantas opiniões que se auto exilaram por conta própria.
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