quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Uns e outros


Tantos se apresentam e tão poucos deixam lembranças memoráveis ou dignas que no nosso despertar de todo dia podemos sentir como se um suave perfume estivesse habitado nossa alma durante o sono e neste momento, ao abrir os olhos para o mundo a leveza de quem soube ser boa companhia nos acompanha.

São como fios leves de seda pura onde alguns deles estão um pouco rasgados ou desfiados, não por desleixo, mas sim por haver tido deste jeito tanta aferição do tema que como se fosse uma metáfora ele aparenta esta compostura. No lugar do vazio da alma se aconchega tantos pensamentos recorrentes que se entrincheiraram como uma ponte às avessas só para ter mais graça, para poder rir depois do desavisado argumento que em nada se parece com discórdia mas sim parecências.

Em outros casos pode parecer que foi o acaso que uniu as conversas e assim havia sempre aquele salteado de assuntos, ora versando para dificuldades variadas, ora lembrando fatos, e sempre com muito apego pela risada repentina, pelo desdobre de mudar o assunto sem serventia, do olho no olho, do cuidado extremo em tirar proveito do momento, do encontro. Nenhuma tentativa vã de destruir o pensamento que se eleva igual ao ventinho que sobra da costa, balançando cortinas, dando motivo para que as flores soltem seus perfumes e assim vai terminando a ocasião deixando um sabor de palavras que varreram da mente por alguns breves minutos momentos esquerdos colocando em contraponto uma conversa curadora.

Em certas ocasiões é o silêncio que grita dando ordens para que se faça com ele a dança dos gestos, que o acompanhe em um olhar alongado para todas as paisagens que passam aceleradas quando emudece o pensamento. Na abundância não sonora todos os sentidos são aguçados perpassando apenas sensações e deste silêncio orquestrado por tantos, por um ou dois fica um sugestivo alvitre do precioso alarme. E então se apresenta valente quem de certa forma sempre esteve ali fazendo segredo de tudo, ocupando os vazios sem alarde, conjugando todos os versos juntos e deste jeito assim, bem sutil, se vai como chegou. 

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