Parecia invenção, mas era fato, e dava para
perceber agora, e somente agora, que as possibilidades se aventavam se
mostrando como uma chave escolhida a dedo, entre tantas outras e com certeza
esta única irá abrir todas e tantas cancelas mesmo que não seja esta a vontade.
Com este convencimento se vai ao encontro do que aparentava com tanto
simbolismo ser apenas uma sugestão.
Ledo engano pensar que o caminho de descoberta
estaria destrancado, e assim, tanta travanca quase liquefez a motivação. Mas, a
imagem de uma clave em mãos vale a determinação de tentar todas as fechaduras
que surgem pela frente e assim quem sabe, encontrar o quê.
O primeiro ferrolho que se deixou abrir tinha
um jeito um pouco mais antigo, rangeu ao ser tocado, soltou farpelas
enferrujadas, trancou um pouco mais, enfim, destravou. As cenas eram muito
semelhantes ao ferrolho transgredido com uma disposição acirrada de forjar a
ferro e fogo o que fosse na desarrumação a falta de prurido era inconteste e certo
jeito calhorda de modo geral imperava.
O segundo portilho era diferente do anterior
uma vez que ele se apresentava untado, fácil de destravar, com um aporte de
engenhocas azeitadas e limpas. Ali dentro o cenário era iluminado, com muitas
máscaras bem dispostas que apenas por detalhe também não levavam a nenhuma
resposta. Frias, não tinham nenhuma quentura nem colorido e estavam ali
aparentemente como um recado para sair às carreiras.
O terceiro ponto da chave era uma manopla,
pouco estruturada e de uma simplicidade rústica tão ingênua que ao menor toque
de virada o segredo se abria. A partir dali, era estar em um portal muito diferente
dos outros, um cenário onde havia apenas uma luz difusa que permeava pelos
cantos vazios exalando um perfume que envolvia o ar rarefeito, criado para
alertar, para suspender a respiração, cerrar os olhos e sentir. E é assim que
aparecem as respostas, em uma página em branco, uma cancha vazia, uma ausência,
um suspiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário