domingo, 13 de dezembro de 2015

Dá no mesmo


Não tem jeito de eu me conformar com o que se apresenta e tenho para mim que talvez seja uma revolta inconsciente em relação ao tempo que avança e deixa para trás meus cabelos fartos e loiros, minha pele viçosa, minhas pernas fortes, minha cintura, meus braços soltos em abraços e minha mente leve e tranquila como folha ao vento. Só pode ser isso.

Todo dia, toda hora, todo acontecimento, lá estou eu novamente lutando para não ter esse olhar do cotidiano mais tradicional e que me faz lembrar minha mãe, minhas avós, e, de certa maneira, viver e corresponder o que não vale mais, aparentemente. Para todos os lados a minha desdita somente se fortalece.

Ando dando de cara muito assiduamente com um descontrole quase inimaginável de aspectos que deveriam ser tratados como um fator de linha mais dura, digamos assim. Navegamos no mar das incertezas em comportamento, não sabendo nunca o que vamos encontrar ao lado ou em frente e eu penso, que por este motivo, o passado tem vindo me assaltar para que eu não perca as estribeiras. Deve ser isso que o avanço nos anos faz. Para frente e para trás para não perder o rumo. Boa essa.

Agora nas rodas de conversas, nos encontros de muitos, na presença de tantos desconhecidos, entro de lado, tipo sorrateira, desconfiada, com cara de paisagem torcendo para não ser percebida. Não desejo mais correr para o abraço no vácuo que me recebe, uma vez que eu considero que os pares se importam. Dei adeus a minha crença gratuita e despreocupada porque não existe garantia de ser bem recebida, mesmo que tudo tenha iniciado bem.

Ninguém me convence que o trato com o semelhante tenha que mudar de forma radical ao se deparar com um imprevisto, uma situação que foge do controle e precisa ser administrada. O foguetório sem noção é disparado sem controle e com este novo formato tudo parece efêmero como uma brisa e sem o menor sentido.


Esta percepção da perdição dos bons modos se completa na mania perversa de que se deve estar conectado o tempo todo, com a roda de cada um refletida em si. Tudo e nada dá no mesmo.

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