sábado, 16 de maio de 2015

Disfarce

Era sempre a mesma coisa, a situação surgia e as boas intenções alavancadas brotavam afoitas na certeza de ter o caminho mirado e a combinação do passo a passo organizado, com precisão. Com armadura até os dentes como um gladiador pronto para o arroxo tudo se apresentava de maneira clara e objetiva e a intenção estava firmemente proposta, não vislumbrando nenhum perigo à frente uma vez que tudo havia sido examinado com uma coragem renovadora promovendo a ocasião.

Não se sabe bem como, e muito menos em que momento, a defesa pareceu ter nascido somente de um lado. Parecia assim, de pronto ao olhar, que naquele campo as minas enterradas serviam a apenas um senhor, que havia uma trincheira apenas funcionando e no campo aberto não se via arma empunhada, muito menos mãos erguidas ou artefatos de miragem longa. Tudo parecia estranhamente normal e calmo, com gladiadores relaxados, e talvez até perplexos com o aparato.

Nesta hora a armadura começava a pesar e certo ridículo pairava no ar com densidade suficiente para desencorajar quem estava preparado. As perguntas eram lançadas, mas reverberavam de volta sem resposta deixando aquele momento espetacular ficar sem sentido inicial. Aqui pareceria que a preparação para o que vinha era fundamental, e o planejamento para conhecer o que à frente estava tinha sido alinhavado com as linhas do pensamento lógico deixando uma costura mais forte de elementos que mascaravam alguma intenção oculta.  A peça estava pronta e nada poderia dar errado.

Com este impasse foi sendo retirada a armadura que já pesava um tanto, a camuflagem embaçava os olhos, o peso das armas já não podia ser suportado e mesmo sem enxergar direito à frente, desarmou-se o primeiro campo abrindo desta forma o coração para o que viria.

Assim que as armas emocionais metaforicamente representadas pela armadura de gladiador foram despidas, surgiu o furioso ataque da perfídia que ali estava o tempo todo disfarçado, havendo outro por dentro.

6 comentários:

Nelson disse...

Sou (somos)brindado (s) com mais um belo texto da Vera Renner, que se mostra impecável e precisa nos termos, cujo sentido das frases construídas apartir deles, nos remete para uma reflexão sobre pessoas e cotidiano. Quem me dera contar com tamanha cultura para poder levar ao papel com tanta propriedade uma visão dos fatos que culmina em nos contagiar. Parabéns!

Nelson disse...

Sou (somos)brindado (s) com mais um belo texto da Vera Renner, que se mostra impecável e precisa nos termos, cujo sentido das frases construídas apartir deles, nos remete para uma reflexão sobre pessoas e cotidiano. Quem me dera contar com tamanha cultura para poder levar ao papel com tanta propriedade uma visão dos fatos que culmina em nos contagiar. Parabéns!

Nelson disse...

Sou (somos)brindado (s) com mais um belo texto da Vera Renner, que se mostra impecável e precisa nos termos, cujo sentido das frases construídas apartir deles, nos remete para uma reflexão sobre pessoas e cotidiano. Quem me dera contar com tamanha cultura para poder levar ao papel com tanta propriedade uma visão dos fatos que culmina em nos contagiar. Parabéns!

Nelson disse...

Sou (somos)brindado (s) com mais um belo texto da Vera Renner, que se mostra impecável e precisa nos termos, cujo sentido das frases construídas apartir deles, nos remete para uma reflexão sobre pessoas e cotidiano. Quem me dera contar com tamanha cultura para poder levar ao papel com tanta propriedade uma visão dos fatos que culmina em nos contagiar. Parabéns!

Nelson disse...

Sou (somos)brindado (s) com mais um belo texto da Vera Renner, que se mostra impecável e precisa nos termos, cujo sentido das frases construídas apartir deles, nos remete para uma reflexão sobre pessoas e cotidiano. Quem me dera contar com tamanha cultura para poder levar ao papel com tanta propriedade uma visão dos fatos que culmina em nos contagiar. Parabéns!







Mirosa disse...

Acompanhei a possibilidade de redenção do sujeito, mas eis que surge aquela outra face e fica a tristeza. Pena que o caminho foi cortado. Foi o que senti do teu texto. Percebi também um modo diferente de escrever de outros que faz tempo eu li. Parabéns. Maria Rosa

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