Tudo começa quando todos
sentam, mas nem sempre o que vem dali pode ser útil ou aprazível porque a
verborreia se abanca cedo, quando todos os elogios e a menção aos seus feitos
são ditados um sobre o outro dando um chilique e apequenando quem não tem este
costume e muito menos este talento, digamos assim.
A saraivada entre orelhas
versa sempre sobre o umbigo do decujo que está se mostrando com um pula-pula
sem conseguir, entretanto, sair do seu próprio circulo virtuoso com o objetivo
de aparentar sua importância. O sou isso, sou aquilo é presenteado com uma cavaqueira
onde a citação de pessoas importantes e lugares famosos atingem o seu momento
mais incrédulo ao serem entremeadas em cínico tom casual onde todos estes
adjetivos apregoados são considerados qualidades imprescindíveis para sua
imagem pública. A fartura da chatice me faz entrar em total transe, paralisando
meu raciocínio, me jogando no poço sem fundo do non sense.
Então tem aquele cara que
não tem rumo de conversa que não seja o seu quintal enervando o público que
deseja escapulir dali e bufa, pede licença, mas não consegue se subtrair do
incômodo que soa pegajoso como doença ruim. Normalmente a voz acompanha o ânimo
do estúpido arrebentando os tímpanos da companheirada. Urge uma providência,
mas nem sempre é fácil se desapegar daquele idílio forjado, parecendo querer se
infiltrar para dentro das cabeças mais pensantes que, infelizmente, neste
momento ficam totalmente sem comando e à mercê da situação.
Existem aqueles que roubam
do passado o que gostariam de ter sido e então carregam como um fardo precioso
pela vida afora o ocorrido que não houve. Assim se faz o presente, costurado
com linhas invisíveis ao olhar pregando cada peça remendada de outrora. Assim,
nesta triste lembrança são retificadas uma a uma as situações que acabam se posicionando
como um grande e aborrecido retalho de acontecimentos em que o novo não tem
espaço, ou pior, quando chega se faz velho.
E a corriola vai desde a madama
que perdeu a beleza há muito, mas sustenta a pose e a coroa de rainha até
aquele senhor que anda com sua máscara ligada ao tubo de oxigênio de algum
poderoso e é neste exato momento que abordo a vida, desesperada, e peço para dar
uma encostadinha no meio fio porque quero descer.
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