sábado, 18 de outubro de 2014

No fundo


Como sempre acontece, o despreparo é bola cheia no encalço da testa desatenta e que está na vista certeira dos múltiplos talentos que por serem tão focados em seus objetivos praticamente não caminham com e entre os outros, mas sim, planam sobre tudo num jogo absurdo de encaminhar como sugerem seus desejos e tudo no entorno.

E é assim que se rouba a dignidade de poder pensar um tantinho, dar um breake na vida, cruzar os braços e decidir o não que grita com toda sua força, mas por incrível que pareça não consegue fazer-se ouvir. E assim a bola passa a rolar em campo minado e no arresto de todas as resistências que por ventura um dia por ali se cruzaram aparecendo do nada aquela teia urdida com um primor absurdo que enreda e prioriza o único caminho vislumbrado.

No tempo, então resoluto das decisões, cai por terra aquele andar firme, a maneira natural de negociar o que se apresenta, se esconde de maneira infame e vil a certeza do correto, se enche de duvida e névoa seca os pensamentos e assim se gruda a intenção forjada com precocidade, o pensamento arguto, a não discussão do teor desmedido que embala o normal, exacerba o desimportante e descontrola a razão.

E agora a trilha já foi formatada no gosto, a presa não vê outra saída além de seguir ao molde do sugerido mesmo com luzes piscantes no falso decoro e com aquela desconfiança leve que o caminho tomado não tinha volta e ao olhar para trás percebe que as migalhas de pão para retornar no caminho descrito não haviam sido lembradas. Era ir ou ir.

Sem poder escapar do algoz, é imperativo emplacar fervor na chegada, ousar ao máximo o resultado, defender o propósito com audácia, ser tão incomodamente assertivo que de tão firme o final terá mais peso que o inicio, quebrando as regras do outro e multiplicando o talento na resposta dada, concretizando um final de sucesso sequer imaginado. Na verdade, não foi necessário todo este empenho, uma vez que a presa possuía mais talentos inerentes a si do que o algoz.


O arrocho mal feito terminou após o desafio do pedido invertido de valores e verdade muito bem acompanhado pela argumentação capciosa e de promessas com inequívoco sabor de ilusão e de comprometimento às avessas que teve seu final coroado pela completa ignorância do resultado assim como uma lição do imponderável.

Nenhum comentário:

Papelaria em dois tempos

  Não sei quem me encontrou primeiro, se aquela papelaria antiga ou eu, que ando gastando a sola do sapato atrás de quinquilharias que lembr...