Vez ou outra eu olhava em volta, um pouco para trás
como se algo me incomodasse, ou pior, me obrigasse a prestar atenção, forçando
uma barra. A pressão na nuca e certo desconforto no corpo acompanhavam a
sensação. Como não é de minha feição ficar encostada no já transposto, ignorei.
Sigo em frente, porém, de novo, o chamado fez-me
voltar o corpo inteiro com urgência causando um desequilíbrio e confusão
mental. Parecia um recado. Aprumei o corpo todo, encorajando-me, e me
enfrentei, antes que me enfrentassem.
Comecei imaginando qual a finalidade deste encosto
morno neste exato momento, uma vez que a vida agora está numa quentura certa,
apesar de dar muito trabalho controlar a temperatura para dar continuidade ao
que se apresenta.
Ando assim, tudo têm que estar no preparo certo, e,
por isso, coloco todo dia na balança as medidas corretas para adensar esta
massa disforme que é a vida. Como ingrediente principal o longo
suspiro antes de responder qualquer coisa já faz parte da receita, porém, erro
a mão quase sempre e o acerto fica para a próxima.
O restante da matéria prima como a fala também
continua intermitente porque ao invés de pensar antes de falar, falo antes de
pensar. Com o sorriso não tenho deslizes, mas com o beijo sim, ele voa da minha
boca e vai pousar no alvo certo, mas ele não está esperando e, às vezes, a hora
é errada.
Os olhos estão sempre querendo passear acelerado
pelos rostos tentando imaginar o que está por trás do semblante do outro e que
segredos ele não quer compartilhar, porém, sempre encontro olhares carinhosos o
que me dá um norte de que nem tudo vai mal e esta parte é boa.
Os braços andam desordenados e em descompasso,
jogando-se à frente quase sempre num impulso infantil, se sobrepondo ao
encontro e perdendo a oportunidade de receber um abraço caloroso que se perdeu
pela minha afoiteza. Constrangida, balanço para um lado e outro e me recolho.
As mãos acompanham todo o resto e também tem de ser lembradas a se manifestarem
somente quando existe uma possibilidade de recepção real do afago.
Nesta análise e digressão de comportamento fiquei
pensando que as sombras no entorno são os meus amores perdidos me chamando a
atenção para os amores que advirão.
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