domingo, 24 de junho de 2012

Perturbações



Me vi frente a frente a um monte de gente engatilhada e assisti todo tipo de conversa, das corriqueiras à salvação da humanidade e mais um pouco, do país. Topo tipo me aparecia, uns mais magros e velhos, outros jovens outros ali talvez um tanto ressacados e outros literalmente com os bofes de fora. No punhado, alguns bêbados, eu acho. Gente feia e gente  bonita apesar de que, para mim, não existe gente feia porque haverá sempre de ter alguém que lhe considere uma boa presença.

Continuei na observação dos diálogos e dos rostos. Alguns enfadados demonstravam com veemência seu sofrimento talvez por estar ali, talvez pensando que poderia ter mais, ou ainda, com vontade de voltar correndo porque tudo lhe doía na verdade. Viver dói.

Não me escapou a falta de educação e o acinte de alguns afoitos no pedido, tratando o próximo com arrogância. Parece mentira que nesta situação, em que todos estão em suspense, haja quem perturbe a ordem.

Assim, devagar, o tempo foi passando e me parece que um gato passou por entre pernas miando baixinho, a procura do seu dono que não pareceu lhe perceber a presença. Afinal, quem mandou o bichano o seguir? Faz frio, o ar está enxovalhado de um bafão que não consigo identificar direito e a chuva e o vento assobiam nas esquinas aumentando a impaciência e o mau-humor de muitos.

Notei a importância que alguns se davam por passar  a perna no vizinho dando-se à frente sem o menor pudor. Para o ultrajado, nem piscar, uma vez que olhava firme à frente.

Êpa,  chegou a minha vez.

Por favor, uma maminha pequena, limpa, magra e Salsichão do Bola, média.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sempre aprendemos alguma coisa em uma fila qualquer...basta ter olhos de ver e ouvidos de ouvir...vida!carmen

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