domingo, 24 de abril de 2011

Benevolente



A força do olhar embrulha o beiço que surgiu não se sabe de onde. Mas está ali encarando a tua benevolência em tudo aceitar, pisando em ovos, por saber que o campo é minado.

Não tem lugar seguro neste território que ensombrece as intenções, arrasando o consertado, criando mais uma vala entre uns.

E por ali, de tanto em tanto, os espinhos são retirados com presteza antes que se aprofunde o veneno e se estabeleça uma realidade forjada, construída pelo desejo de simplesmente não se ter olhos ao outro. O olhar lança dardos, fustiga o coração e maldosamente sai vencedor.

Por ora é o que se apresenta.

Não é reconhecida, no entanto, a resistência heróica de sobrevivência que se opõe ao risco, que se nega a compartilhar da verve peçonhenta. Apenas escuta e observa. E faz seu caminho ao lado do infortúnio, lhe acompanhando as passadas, numa senda impossível.

Não tarda o retorno na vereda.

Um comentário:

Mirosa disse...

Oi, Vera, reconheci no teu texto um tempo de resistência às investidas dolorosas do mundo.
Beijos.
Maria Rosa

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