domingo, 14 de novembro de 2010

Penacho


Os pássaros resolveram andar sobre a minha cabeça em revoada fantasiosa. Vindos de todos os lados em rasante, se acomodam tão perto que dá para ver o brilho e a inquietude dos seus olhos.

Todos tem características marcantes e exclusivas em cores, na argúcia dos longos bicos, nas frágeis e coloridas pernas ou na elegância do vôo.

Achei estranho este pássaro planando tão perto de mim, com um penacho longo em seu dorso, pendulando ao sabor dos ventos ou do seu andar. Estreito e muito bem colocado, perfeito como adereço da natureza, que me fez pensar.

Esta característica pode conferir ao portador alguma diferenciação entre os seus demais. Vai que apenas ele a ostenta e pode voar mais alto enxergando seu alimento das alturas. Ou para chamar a atenção das fêmeas, o formato diferente esparrama sua superioridade, ou ainda, lhe dá equilíbrio extra contra os ventos fortes.

Parafraseando eu mesma na interlocução com esta ave fico pensando que o homem se apropria muitas vezes de dados ou de qualidades que a natureza nem pensou em lhe proporcionar, mas, cego, desfila por entre os seus como se as tivesse por natureza.

Então vejamos o desfile daquele outro, coitado, que se outorga um penacho imaginando que este representa o orgulho e o desvario do poder e que este lhe pertence.

Liderança maldita porque de sua natureza, só enxergamos o orgulho.

Gente, ele existe.

Um comentário:

Lélia Lima disse...

Essa crônica me arrancou risos e mais risos... Fantástica!!!
Não podia ser melhor...
Você tá se puxando... "otimamente", ótima.
\o/ \o/ \o/ \o/

Viva a Vera Renner!!!
Beijos,
Lélia

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