sábado, 1 de maio de 2010

Outra


Ser outra sendo a mesma.

Assim acordei hoje. Me olhei e lá estava meu esqueleto recoberto com tudo que é habitual. Mas tinha algo diferente. Um sorriso menor, um pensamento mais quieto. Bom, isso não é normal.

A diferença deve estar no reparo das coisas que me surgem num tamanho desconhecido. Então, o esforço é trazer a dimensão, olhando de esguelha e com cuidado.

E decido seguir assim, diferente, quase uma desconhecida.

Todo mundo gostaria de em dado momento se ignorar girando a piorra ao contrário do que vem rodando.

Beleza pura acordar sendo diversa de todo dia. Talvez quiséssemos acordar mais covardes, mais submissas, menos guerreiras. Bacana ser quase uma gueixa para seu amor, baixando os olhos e andar quase levitando em passinhos suaves. Não levantar a voz, não reclamar de nada, não romper com ninguém, não opinar sobre nenhum assunto. Apenas aceitar.

É a preguiça de ser que me faz pensar.

Porque exausta de bater continência ao destino que toda hora bate na porta e te faz ir em frente. Nossa biografia é incansável e com energia de um exército vai atropelando as mais insignificantes iniciativas tornando-as batalhas vencedoras.

Nem sei mais de onde vem a força. Se de mim ou esta outra aí, que está a me assombrar hoje.

Eu mesma sendo tão diferente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vera >

Nem submissa, nem guerreira demais

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