domingo, 4 de abril de 2010

Silêncio


Cada vez mais os sons da vida normal atormentam. Me parece que fui feita para morar no silêncio. Que só com ele em minha companhia consigo alcançar a algazarra dos outros. Desde sempre me conheço deste jeito.

Se prestarmos atenção nos sons do dia a dia e nos milhares de tons de voz que pairam ao nosso redor, ensurdeceríamos facilmente.

A alternativa é não ouvir.

E assim acontece uma vez que de tanta conferência audível, vamos ouvindo somente o que queremos. Ou o que dizemos. No entorno, sons e vozes ficam imperceptíveis, barrados pela prepotência de quem se quer fazer ouvir. Da rouca garganta às estridentes falas de pessoas que não tem o silêncio como conselheiro, ou, quem sabe, aliado.

E fica a disposição de se ir mais longe onde o ruído vem do mar, dos pássaros e da natureza.

Meu capricho é baixar o som da vida e escutar os fantasmas que mansamente vem me visitar. Em baixos decibéis que apenas eu possa ouvir.

Como convém a uma alma maluca.

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