terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Conversas de praia



Impossível não me atirar a falar do verão gaúcho e das milhares de famílias que superlotam casas, apartamentos e o que mais houver.

Em qualquer classe social tudo fica “over” aqui onde o calor nunca é moderado. Não vem para aquecer nossas entranhas congeladas, nossas feições retorcidas e pele craquelada do inverno. Vem para nos torrar mesmo.

Neste ponto do Brasil, o sol nos devassa ultrapassando todos os níveis de exposição maléfica. A invasão das praias esquenta emoções distorce opiniões resultando em total falta de assunto relevante.

Tomei o cuidado de em minhas caminhadas, passar devagar pelos grupos, casais ou comadres para ouvir-lhes os assuntos.

Invariavelmente versavam sobre observações da rotina da casa superlotada e de, claro, críticas e falatórios de todos envolvidos num julgamento de tudo e de todos. Dos agregados, da vizinhança e que tais.

Fico pensando na satisfação humana em falar do outro em conversas sem fim e que não levam a caminho nenhum. Na praia, parece ser o assunto da hora.

Claro, gente empilhada no calor, entubada na cerveja e sol na moleira, só pode dar nisso.

Nos espaços pequenos, comuns na praia, se vê a mobília do lado de fora do apartamento uma vez que todos no mesmo espaço não caberiam.

Nas mansões as garagens e entorno são tão imensas para que possam demonstrar os tantos carros e o poder daquela família. As vezes, tudo penhorado, na mira da busca e apreensão. Mas, aparentar nestes núcleos é a ordem.

Enfim, o verão do sul demonstra muitas coisas. Nem todas bacanas. Mas quase todas hilárias, é verdade.

Verãozão no litoral norte.

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