domingo, 13 de setembro de 2009

Pois é...


Expressão danada de ruim é o Pois é... a cada conversa em que eu a ouço meu bom senso vai aos ares. Ou melhor, às paginas em branco onde vou escrever com o fígado – como diz um amigo meu. Esta é uma delas.

Quando o Pois é..entra numa conversa, seja amorosa ou amigável, me dá uma desesperança que tenho vontade de sumir do teclado e do mundo. Não tem salvação quem ouve esta mensagem. Mensagem do nada. Do vazio do espírito. Garganta do desprezo puro e simples.

Se for com seu amor que estás falando já pensas que este hiato te coloca para fora do coração dele. O viés do teu olhar busca a alma da pessoa, querendo prever o destino incerto que o ingrato não lhe quer dizer. Parece que está querendo sinalizar que vais levar um “fora daqueles”. Talvez ele queira que você perceba neste intervalo, que ele não te ama mais. Talvez e Pois é... andam juntos como sinônimos do mau agouro. A expressão dá a sensação de abandono. De mal querer. De descarte.

A declaração entra na relação do amor, da saudade e da novidade. Quem não sabe como se portar, ou está enfadado com tua presença ou tem mais o que fazer do que te dar a atenção, larga um sonoro Pois é...que derruba qualquer interlocução. O telefonema começa a dar vários ruídos e você é obrigada a desligar...No MSN, a surpresa escrita, te intima a encerrar por ali..não parece que és bem vindo.

A afirmação gera uma tortura na auto-estima, porque é dúbia, opaca como um algoz que te tira do eixo.

Ficamos no limbo, presos por um tempo, na memória das emoções negativas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Na verdade, embora o "Pois é" seja dúbio, evasivo, escorregadio, descompromissado, e "otras cositas más", ele tem uma virtude, que é a de não ser cortante, direto, incontornavel....
Ele sempre permite uma segunda investida, colocando a criatura num canto...ou não...
Ele também é a saída dos acuados....."Pois é" - palavra mágica, alçapão de escape, que surpreende o interlocutor, que já via o "oponente" a seus pés.
Ele gera no oponente o desencanto, o espanto e a surpresa (seguida da raiva) de ver o outro evadir-se de forma tão vil.
Mas ao mesmo tempo deixa no ar a dúvida, a possibilidade de uma entendimento - futuro - não hoje... amanhã talvez...
"Pois é" - deve ser um marco glorioso de nossa tradição Portuguesa, de conciliação, de evitação do confronto, de adiamento.
Deve ser por causa dele que o Brasil tem o tamanho que tem, enquanto "los espanõles" se fragmentaram um inúmeros países.
Pois tá !
Abraços
Carlos

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