Sempre fico pensando se as pessoas gostam de ficar em suas casas ou não. Talvez aquele marido gostaria de estar longe dali, daquele inferno de mulheres (pode ser uma esposa e filhas) de pantufas, lixando unha, folheando a Caras, comentando novela das oito, falando da vizinhança, chateando, querendo comprar o que viram ou que ouviram falar, com creme fedorento na cara e cremes gosmentos milagrosos nas melenas.
Pode ser uma mulher querendo scafeder o marido, atirado no sofá com meia dúzia de latinhas e muita comida fast food acompanhando a programação da tv. Futebol. Pior ainda.
Pode ainda haver crianças mal educadas a brigarem e numa gritaria infernizar a vida dos vizinhos e dos pais, dormindo tarde, fazendo manha e tirando do sério qualquer um. Pode ser tudo isso eu penso.
Mas pode ser tudo de bom como eu acredito.
Ficar em casa é a maravilha de quem ama a si e a vida. A nossa casa é nosso refúgio e nosso descanso. O ambiente que nós montamos para viver nossos dias, que ora são cansativos e sofridos, ora alegres e esperançosos, deve ser o lugar que recebe nossa alma. Nosso espírito que vaga perdido neste mundão difícil e que talvez se alegre das cores que resolvemos pintar nossa casa. Ou não. Dos objetos que escolhemos a dedo para compor os espaços em que vamos transitar dia após dia.
Aproveitar momentos de folga e descanso em casa é luxo. Para a família que se reúne em risadas ou homens que se recolhem em si assim como mulheres que adoram ser suas próprias companhias, cheias de estilo e graça, como só uma mulher pode ser.
Bem, vou dedicar esta crônica a mim mesma que amo ficar
em casa, e algumas amigas que compartilham comigo todas estas
digressões...