domingo, 9 de novembro de 2025

Raízes

 


É sempre a mesma coisa quando o vento resolve varrer o lugar carregando o que pode para lugar nenhum, tirando quem tem poucas raízes na terra deixando, muitas vezes, jogado em algum canto ignorado. Segue vez ou outra brincando de empurra-empurra mirando em quem anda em falso, não enterra suas raízes nem aqui nem lá, e assim, com a sola do pé fora do chão, facilmente se transforma em algo volátil, seja de atuação na face da terra, seja no espirito.

Eu sempre tenho a tentação de pegar carona nas asas da tormenta apenas para descobrir o quão profunda é a raiz da minha vida que tenho tido o cuidado de manter sob o chão escolhido, portando amarras invisíveis para que eu possa livremente manipular minha caminhada com segurança. Para mim faz todo o sentido conhecer a profundeza dos tentáculos que eu mesma coloquei para poder com paciência fazer a melhor escolha e rumar em frente, claro, volta e meia olhando para trás e para dentro.

Neste dia enfarruscado me senti influenciada pela ventania, fiz um reforço ao pé das minhas vontades com um laço de fita com a intenção de impedir que qualquer uma delas se desgarre de mim. Tenho para mim que o destino, sempre invisível, se encontra no meu entorno observando meu comportamento, me provocando, muitas vezes fugindo da minha intenção, apenas para me distrair ou confundir. Nunca abro mão de rever minha intenção porque certamente haverá um momento de revisão em que serei tentada a desaparecer com um pedaço de mim mergulhando para dentro da minha raiz, porém, certamente não será durante a tempestade que aparentemente está tentando libertar o que já estava escrito.

 

Um comentário:

Anônimo disse...

Maravilhoso

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