domingo, 27 de julho de 2025

Chave de Ouro

 


Maria Tereza resolveu que neste dia teria a árdua tarefa de buscar uma preciosidade que foi muito bem guardada em um antigo cofre de madeira e, que ela conservava desde há muito tempo. Desdenhou a relíquia durante os últimos anos por simplesmente não acreditar que o guardador de mistérios que ali estava depositado tivesse algum poder sobre seu destino. A peça, portanto, estava no sótão, em um canto de difícil acesso, com muito pó e teia de aranha.

Maria Tereza, nos últimos tempos, caminhava em uma linha tênue em que ela, propositalmente, colocava na sua frente o assunto que merecia sua atenção e buscava escolher aquele que desse a ela a lisura do qual sua mente precisava, fosse a fantasia que fosse que lhe tenha sido assoprada.  Não estava sendo fácil uma vez que a chave que possuía para abrir o assunto do dia muitas vezes emperrava e, mesmo com muito esforço, sua mente se trancava em si e naturalmente navegava por caminhos desastrosos.

Desta feita Maria Tereza resolveu destravar o espírito e liberar o seu maior conselheiro, aquele que se imiscui dentro do seu íntimo, incentiva a lucidez que não empana sua palavra e se mostra receptivo em relação a sutil artimanha da história contada com efeito mágico na interpretação. Cansada, mas animada com a decisão, subiu a escada que rangia como um choro antigo sobre seus pés e abriu o baú antigo de lá retirando a Chave de Ouro que veio libertar seu desejo e, na sequência, ao virar a chave de sua mente enxergou com clareza a página virada simbolizando uma mudança, uma abertura e um fechamento.

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