Neste emaranhado de locuções
que se atravessam por todos os lados tenho mantido certa cautela e distância em
relação ao que não entendo bem. Talvez seja um cansaço mental, uma vontade de
não entender, uma chatice se instalando, uma falta absoluta de interesse de se
debruçar sobre qualquer coisa mesmo as mais comezinhas. Nada de conversa fiada
nem de papo reto, nem pensar em aprofundar a fala porque certamente todas as
letras acabarão batendo com a cabeça na parede e voltando estropiadas por terem
sido agredidas na sua formação ou, talvez voltem para nenhum lugar.
Então, com este estado de
coisas no patamar nirvana e a mufa esvaziada vou subindo alguns degraus do
vazio instalado mas, para minha surpresa, não há silêncio neste caminho e as
vozes se calam e se alteiam ininteligíveis transversando o assunto seja ele
qual for. Sigo em frente na trilha do vapor gelado deixando para trás estas
vozes que pelo jeito não dizem nada e que apenas figuram por aqui como vazio
existencial, sem destino.
Ando me negando a colocar os
pés no chão porque percebo que ao olhar para o lado não encontro uma face
corada, olho brilhante, voz embargada, sorriso entre orelhas, cabelos ao vento
e muito menos aquele cachecol invernoso em
xadrez preto e vermelho de eterna serventia.
Persigo este vazio do canto de
inverno e acabo por me dar conta que a estação do fogão a lenha, da estufa, do
banho quente, da manta, do gorro, do chimarrão e do café pelando agrada a galera
de casa que aproveita o tempo para elevar o pensamento, ter conversas íntimas, um
olhar no vazio, aquietamento do espírito e ouvidos moucos liderando o ranking da
lista de desejos.
2 comentários:
Que lindo minha Amiga!!! Inverno chegando e parece que ficamos aconchegados, pertinho uns dos outros.
Lindo, profundo e verdadeiro
Postar um comentário