Ana Lucia lembra muito bem de
quando conheceu Carlos Alberto, desenhado na entrada de uma sala qualquer, desconhecendo
em toda sua vida o furor que a presença daquele, até então, estranho, causou.
Seus olhos ficaram pregados na figura ímpar que demandava uma alegria interna e
um carisma sutil que rescindia em torno de si e de todo ambiente. Baixou os
olhos impactada pelo fulminante olhar escuro de brilho intenso sentindo o ar
rarefeito quando o jovem rapaz enigmático se aproximou com passadas largas,
gingado atrevido, voz tonitruante e sorriso farto.
O encontro daqueles dois foi
pautado em um acontecimento raro que traz sentimentos que não fazem parte do
cotidiano da vida, da rotina de trabalho, do leva e traz de tudo aqui e ali.
Ana Lucia gosta de pensar que a situação inusitada e súbita foi motivo para o romance
pertencer a um patamar exclusivo, o qual somente os dois encantados tinham
acesso.
O relógio, este algoz que
marca a vida andando não existia na situação de amor, sempre com chegada e
partida marcada pela cadência forte do coração que trombeteava a conexão
eminente, desconhecendo a ronda ameaçadora do destino com suas flechas envenenadas
apontadas para os desavisados enamorados. Um dia, no umbral de nenhuma porta, a
inversão aconteceu.
O amor ficou estacionado na
alma de Ana Lucia e Carlos Alberto e reunido de maneira real e física através
dos milhares de bilhetes que circulara entre os dois pelos mais variados
motivos. “Já cheguei, senti tua falta, te
esperei e foi difícil partir, um papel de pão manchado com café escrito eu te
amo, cinzas frias no cinzeiro, um colar de prata dentro de um livro de poesias,
uma pulseira, não senti frio por estar aquecido com tua lembrança” e, um
dilema.
3 comentários:
Que lindo, como o amor, tão leve e, às vezes tão triste
Tenho lido tuas crônicas que conheci através da nossa amiga em comum Clara Chassot que sempre me encaminha. Muito legal. Parabéns.
Perfeito,leve e lindo como o amor deveria ser ...
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