quinta-feira, 12 de junho de 2025

Dia dos Namorados

 



Ana Lucia lembra muito bem de quando conheceu Carlos Alberto, desenhado na entrada de uma sala qualquer, desconhecendo em toda sua vida o furor que a presença daquele, até então, estranho, causou. Seus olhos ficaram pregados na figura ímpar que demandava uma alegria interna e um carisma sutil que rescindia em torno de si e de todo ambiente. Baixou os olhos impactada pelo fulminante olhar escuro de brilho intenso sentindo o ar rarefeito quando o jovem rapaz enigmático se aproximou com passadas largas, gingado atrevido, voz tonitruante e sorriso farto.

O encontro daqueles dois foi pautado em um acontecimento raro que traz sentimentos que não fazem parte do cotidiano da vida, da rotina de trabalho, do leva e traz de tudo aqui e ali. Ana Lucia gosta de pensar que a situação  inusitada e súbita foi motivo para o romance pertencer a um patamar exclusivo, o qual somente os dois encantados tinham acesso.

O relógio, este algoz que marca a vida andando não existia na situação de amor, sempre com chegada e partida marcada pela cadência forte do coração que trombeteava a conexão eminente, desconhecendo a ronda ameaçadora do destino com suas flechas envenenadas apontadas para os desavisados enamorados. Um dia, no umbral de nenhuma porta, a inversão aconteceu.

O amor ficou estacionado na alma de Ana Lucia e Carlos Alberto e reunido de maneira real e física através dos milhares de bilhetes que circulara entre os dois pelos mais variados motivos.  “Já cheguei, senti tua falta, te esperei e foi difícil partir, um papel de pão manchado com café escrito eu te amo, cinzas frias no cinzeiro, um colar de prata dentro de um livro de poesias, uma pulseira, não senti frio por estar aquecido com tua lembrança”  e, um dilema. 

3 comentários:

Tina Griebeler disse...

Que lindo, como o amor, tão leve e, às vezes tão triste

Paulo Sergio Nunes disse...

Tenho lido tuas crônicas que conheci através da nossa amiga em comum Clara Chassot que sempre me encaminha. Muito legal. Parabéns.

Anônimo disse...

Perfeito,leve e lindo como o amor deveria ser ...

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