Como sempre abro os olhos e
dou de cara com a vida, esta daí que por vezes se escamoteia parecendo me puxar
para trás, em outra ocasião se esconde me fazendo sentir estonteada, sem rumo e
com um sentimento de estar fora dela, em seguida quando bato na porta dizendo
sem rodeios que hoje estou com muita coragem, que não tenho dor nenhuma, meu
espirito está leve e ela pode dispor de mim para o que vier, ela manda dizer
que não está, e, por último e não menos importante ao me confrontar
repentinamente em alguma esquina, ela
finge não me conhecer.
Decidi que não me importarei
se algo ou alguém está à minha espreita ao abrir meus olhos para o mundo. Nada
de vislumbrar paisagens idílicas, passarinho no fio de luz, quero-quero
grasnando sem rodeios, cachorro abandonado uivando de tristeza, nada de orvalho
na grama, nada de maré alta ou baixa, ventos uivantes ou calmos. Não disso irá
compor o dia que se inicia. Este me parece ser o recado dado.
Existe a simplicidade de um
despertar que retira mansamente a veste da noite em que nos abrigamos e que
protege corpo e espírito e com esta concordância nossos olhos se abrem ao mundo:
sem as franjas do pensamento, das alegorias, da impertinência e da audácia de
perseguir a dádiva da Vida.
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