Por aqui, neste pedaço de mar
e terra insólito por calmo ser, o vento chega como quem não quer nada parecendo
até pedir desculpas antecipadas por estar, eventualmente embaralhando o que
tiver pela frente acredito até que por pura diversão, enquanto o calor grassa
na areia escaldante o vento resolve brincar de esconde-esconde, aparecendo e
desaparecendo como que por mágica.
Tudo inicia com uma calmaria
inquietante com um ou outro sopro inusitado que levanta aqui e ali um Areial e
logo se acomoda, disfarçando o que há de vir, balançando a vegetação dos
cômoros, tapando as casinhas de tuco-tuco e de coruja, com este ar de
normalidade e refresco.
Como os tempos são de números excedentes
em tudo o que se refere aos calores de verão o primeiro a se manifestar na ventania
é bem no rés do chão quando o sopro afoito açoita os comandantes moradores de
abaixo do chão que ao se refestelar em águas mais quentes se aquietam no sufoco
do areiame e correm para o buraco.
Depois, os humanos iniciam sua
jornada de corrida ao chapéu, ao guarda-sol, à canga e o que mais houver que
possa voejar nos braços do vento airoso e forte, aliás, ele sempre com um
cínico sorriso nos lábios.
Mas o rumoroso destino da
tempestade de areia ultrapassa a meia praia e se joga com furor nos morros, nas
estepes, nos matos de eucaliptos e de pinus não havendo uma única folha que não
passe o dia se virando e revirando com esta brisa indômita.
E deste jeito vai passando o
tempo e as vestes, as bandeiras, as ventarolas, os banners, já esfarrapados não
se cansam de ir ao mar por ser um movimento atávico de cada praieiro gaúcho. Faça
sol, faça chuva, faça vento, lá estou eu!
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