sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

O Circo do Calor

  

A evasão se aproxima a passos céleres, marcha essa despercebida pela maioria do populacho circundante das areias, sejam eles animais, plantas ou humanos. Tudo se enquadra no apocalipse do calendário que avança fantasiado de festa popular justamente para deixar em completa alheação o povaréu que se bandeia para estes pagos quentes de verão solapando todos os protocolos. 

Não há mãos a medir na arrecadação de todo o tipo de aventura que traga um gole inebriante para acessar qualquer coisa que mude o vento e traga a descompostura para o centro do picadeiro, picadeiro este que resta como um chão batido açoitado dia e noite. Nos intervalos, palhaços são convidados para ajeitar a bagunça e assim vai sendo dia pós dia deste tempo que parece ser o juízo final do verão. 

Na esteira da probabilidade tudo acontece ao mesmo tempo e a algaravia dos pássaros ganha coadjuvante sonoro que os emudece tal a falta de sintonia do que atravessa os ares. E lá se vão em fila indiana as trombetas que são a marca registrada do tempo de calor para estes lados ofertando o que se quer ou nem tanto, seguida pela boutique ambulante colorida da moda abrasadora. 

De olho no calendário os festejos se aceleram e não há tempo a perder, tudo deverá ser vivido em poucos dias, a cantoria deverá arrebentar gargantas, o ar se enfunará de pingos etílicos e a rua se encherá de movimento inundada pelo Bloco Invasor de todos os anos. 

Em paralelo, as porteiras da cidade, os cadeados dos condomínios e as aldravas das residências se abrem de par em par aguardando com ânsia a retirada dos artistas do Circo do Calor. Tudo pronto, que aconteça a evasão!

Um comentário:

Amélia Flores Vega disse...

Que bonito! Tudo voltando ao normal: na Praia fica tudo que nos traz alegria e energia no Verão e voltamos para Casa renovados, com a certeza que retornaremos!👏🏻👏🏻💞💞

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