quinta-feira, 30 de junho de 2022

Relevância

Está tudo ali, mesmo que eu não possa – ou não queira - enxergar, estão  dispostos na minha frente de forma bem calculada, com uma aparência desordenada parecendo forçar uma impressão, talvez imaginando que eu consiga de alguma maneira esquecer-me da ordem das coisas, que eu possa também desconsiderar que elas continuam ali, na espreita, me olhando sem compaixão divertindo-se do meu alheamento congelado no tempo e espaço. 

Elas todas se penduram querendo chamar a atenção distribuídas de forma  bizarra misturando os assuntos com o pano de fundo exagerado na figuração  se coloca sem alternar relevância com a intenção de me confundir. Meu coração anda economizando pulsação talvez por estar cansado, relapso no bate bum de todo dia que se repete meramente por ainda lhe restar um sopro. Apenas um. 

A demonstração desta imagem tem muito a me dizer sem que seja necessário palavras bonitas, vãs e figuradas se adonando do assunto mesmo que eu as repila com veemência porque por ora, o que me vem à frente seja de agora ou de ontem não tem mais importância. Na verdade nem o que virá depois me compete pensar, imaginar ou agir. Vou ficar aqui parada até que esta imagem se dissolva na minha frente por falta absoluta de interpretação por um descaso contumaz que me acomete volta e meia.

domingo, 26 de junho de 2022

Congelado

 

Não pensei duas vezes naquele dia quando resolvi reunir todas as alternâncias que andam passando na minha frente em um único modo de vida jogando o conjunto em uma bonita caixa em formato de coração, acertei o seu destino no aproveitamento do clima invernal e deixei-o ali, figurativamente congelado. Após isto feito sai por ai de short e chapéu de palha aproveitando o verão que se instalava quente e amistoso junto à minha capacidade criativa e inventiva do caos. 

Os tormentos da friaca da alma vão desfilando com audácia frente a mim quando a temperatura baixa e castiga do velho ao bebê ou vice versa, mas para mim que navego mais para lá do que para cá, começo com o antigo para depois pensar no mais novo. 

Voltando à caixa em formato de coração jogada no gelo é necessário precisar o que foi que ajuntei em um rol, passei laço de fita e joguei ali dentro, não sem antes ter certeza de que um dia quem sabe com sol escaldante eu liberte o que foi ali parar em ato de rebeldia tardia. 

Ali depositei sem pestanejar as minhas dores que ingratamente me acompanham mesmo que eu peça redenção, perdão, desculpas, o que for mais pertinente. Não há meio de não se enrabicharem a mim como se fosse um musgo em tronco antigo, como se fosse pedra no caminho, como se houvesse a certeza de que eu as receberia de bom grado. A caixa cheia de aflições foi fechada e colocada na caixa de gelo pelo simples fato que não existe serventia em remoer o sofrimento.

Gosto amargo

  Girei os calcanhares com gosto amargo na boca travando meu raciocínio para reconhecer o espaço de tempo que ocupo desde há muito e que hoj...